16/07/2020 - 9:51
Pequim criticou nesta quinta-feira (16) os “golpes baixos” de Washington contra a Huawei e denunciou a “discriminação racial generalizada” nos Estados Unidos, em resposta às críticas americanas aos direitos humanos visando a gigante chinesa das telecomunicações.
As relações entre as duas maiores potências mundiais são tensas em inúmeras questões: comércio, lei de segurança nacional em Hong Kong, Mar da China Meridional ou ainda muçulmanos uigures.
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Neste contexto, os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira restrições de visto contra funcionários de empresas de tecnologia chinesas, incluindo a Huawei, em caso de “apoio material” a violações dos direitos humanos.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou a empresa de telecomunicações de instalar tecnologia de vigilância em Xinjiang – uma região no noroeste da China que há muito é atingida por atentados.
Corte de laços
Segundo organizações de defesa dos direitos humanos, um milhão de uigures e membros de outros grupos étnicos muçulmanos estão ou foram internados na região em nome da luta contra o terrorismo.
Mike Pompeo, que suspeita que a Huawei espione para o governo de Pequim, também elogiou a decisão do Reino Unido de cortar os laços com a gigante em sua rede 5G e de se juntar à lista de “países limpos”.
“Não há nada de limpo no que os Estados Unidos estão fazendo. São golpes baixos”, declarou nesta quinta-feira Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.
“A única falha da Huawei é ser chinesa”, disse à imprensa.
A porta-voz também denunciou as acusações de Washington em matéria de direitos humanos, criticando o intervencionismo americano em países estrangeiros ou a “discriminação racial generalizada” em solo americano.
Troca de farpas
“Se Pompeo quer falar sobre direitos humanos, deve perguntar a George Floyd e aos membros de minorias étnicas nos Estados Unidos o que eles pensam sobre isso”, ironizou Hua, referindo-se ao afro-americano morto sufocado no final de maio por um policial.
O Reino Unido decidiu na terça-feira retirar de sua futura rede 5G todos os equipamentos produzidos pela Huawei, em nome da segurança nacional.
As sanções dos EUA impostas em maio, destinadas a cortar o acesso da empresa privada chinesa a semicondutores fabricados com componentes americanos, pesaram na decisão.
“Isso mostra que o governo britânico perdeu sua preciosa independência e autonomia na questão da Huawei”, denunciou Hua Chunying, que havia acusado o Reino Unido no dia anterior de ser um “vassalo” dos Estados Unidos.