Um grupo de cientistas militares chineses afirma ter conseguido modificar células-mãe embrionárias humanas com um gene de ursos d’água, também conhecidos como tardígrados, pequenos organismos com menos de um milímetro que são capazes de resistir à radiação solar, mesmo no espaço, e sem a proteção da atmosfera terrestre.

De acordo com os pesquisadores, as células humanas modificadas com este gene ficaram mais resistentes à radiação e, desta forma, adiantam os cientistas, a descoberta pode ajudar que sejam criados soldados super-resistentes, capazes de sobreviver a uma eventual guerra nuclear.

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Os cientistas, da Academia de Ciências Militares de Pequim, explicam na revista científica chinesa ‘Military Medical Sciences’ que descobriram um método para introduzir um gene do tardígrado no DNA humano, usando a ferramenta de edição de genes CRISPR-Cas.

Os tardígrados, encontrados em todo o mundo, são capazes de sobreviver a temperaturas extremas, de até -200ºC, a estarem uma hora em água fervendo ou a radiação vinda do espaço, sendo que são os únicos animais capazes de fazer isso. A capacidade de resistência é conferida por um escudo proteico, que protege as células da radiação e danos ambientas. O gene que constrói esta proteção foi o seria sido inserido nas células humanas.

A equipe alerta, no entanto, para o risco de, ao acrescentar este gene a células embrionárias, há risco de causar mutações perigosas ou de causar morte celular, devido à diferença genética entre os ursos d’água e os humanos.

Aida assim, os cientistas chineses destacam os resultados muito positivos das experiências genéticas, já que as análises não permitiram encontrar mutações nos cromossomas das células modificadas, tendo-se verificado que funcionavam normalmente, crescendo até mais rápido em algumas fases de desenvolvimento.

Foi verificado no estudo que 90% das células embrionárias humanas com o gene dos tardígrados eram capazes de sobreviver a exposição à radiação de raios-X, que de outra forma seria letal.

Os pesquisadores querem, agora, aplicar o apreendido e tornar as células-mãe embrionárias modificadas com os genes dos tardígrados em células hematopoiéticas, que são capazes de se tornar em todos os tipos de células do sangue.

O objetivo é aumentar as hipóteses de os seres humanos conseguirem sobreviver a um apocalipse nuclear ou a um conflito em larga escala que use este tipo de armamento.

As células a serem criadas, segundo explicam ao South China Morning Post, poderão depois serem implantadas na medula óssea e, dessa forma, gerar novas células sanguíneas no organismo, resistentes à radiação.

“A síndrome aguda de radiação é um problema de saúde que afeta muitos militares civis e trabalhadores dos serviços de emergência que respondem a acidentes e terrorismo nuclear”, sustentam os cientistas.

A descoberta também poderá ser aplicada para tratar ou tornar o organismo humano resistente a doenças comuns. O mesmo gene “tem um papel protetor no DNA celular que evita o stress oxidativo, fator crítico par o desenvolvimento de doenças como o câncer ou a diabetes, inflamações ou o envelhecimento”.

Mas, a descoberta poderá ter um lado obscuro. Um cientista que não quis ser identificado, alerta que o fato de a pesquisa ter sido feita num laboratório militar terá implicações na opacidade e controle que pode ser feito pela comunidade internacional no uso feito desta modificação genética.

“O objetivo é modificar os genes humanos. Primeiro para os tornar mais resistente a doenças e, depois, será o momento de reunir capital para fazer o papel seguinte [aplicações militares]. E esse jogo não terá um final feliz”, adianta o cientista, temendo represálias do Governo chinês.