05/03/2024 - 10:13
A China estabeleceu nesta terça-feira, 5, uma meta de crescimento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024, um dos níveis mais modestos em décadas, mas difícil de alcançar diante da lenta recuperação do país pós-covid.
A segunda maior economia mundial também anunciou um aumento de 7,2%, a 1,66 trilhão de yuanes (231,4 bilhões de dólares, 1,14 trilhão de reais), do orçamento militar, o segundo maior do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos.
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A meta econômica para este ano foi anunciada pelo primeiro-ministro Li Qiang na abertura da sessão anual da Assembleia Popular Nacional (APN), o Parlamento chinês, em Pequim.
O objetivo segue o ritmo de expansão do PIB no ano passado, de 5,2%, mas está longe do ritmo de crescimento dinâmico da economia chinesa nas décadas de 1990 e 2000.
“Não será fácil alcançar a meta”, admitiu Li Qiang. “Devemos, portanto, manter o rumo de nossa política, trabalhar mais duro e mobilizar esforços coordenados de todas as partes”, acrescentou.
Meta é vista como ambiciosa
Em um cenário de crise imobiliária, taxa de desemprego elevada entre os jovens e desaceleração econômica mundial que afeta as exportações chinesas, este “é um objetivo ambicioso”, disse Wang Tao, economista-chefe para a China do banco UBS.
“O mercado imobiliário continua em queda e ainda não atingiu o fundo, o que representa uma pressão de baixa para a economia”, acrescentou a analista.
“Isto terá um impacto negativo nas finanças e nos gastos dos governos locais, assim como na renda e consumo das famílias”, destacou.
‘Abertura de novos caminhos’
No ano passado, a grande reunião política da China se concentrou na posse para um inédito terceiro mandato do presidente Xi Jinping, que está no poder desde 2012.
A reunião parlamentar de 2024, no entanto, tem as atenções voltadas para as dificuldades da segunda maior economia mundial, após três anos de isolamento e restrições motivadas pela covid.
Os investidores desejam que o governo adote ações firmes para estimular a economia, mas Pequim reluta em implementar um grande resgate financeiro devido ao temor de comprometer os fragilizados cofres públicos.
No relatório de atividade publicado nesta terça-feira, o governo promete “continuar com o progresso e garantir a estabilidade” da economia em 2024.
Também anuncia a redução das taxas alfandegárias nas importações de alguns produtos tecnológicos e prometeu “abrir novos caminhos para o comércio exterior”.
“A chave é estabilizar o setor imobiliário”, disse Larry Hu, economista-chefe para a China do banco de investimentos Macquarie Group.
“Mas é necessária uma política fiscal mais expansionista para estimular o crescimento por meio de cortes fiscais”, acrescentou.
Aposta na segurança
As autoridades comunistas anunciaram o reforço da defesa e segurança, com um aumento de 7,2% dos gastos militares em um momento de tensões geopolíticas na região sobre Taiwan ou por disputas territoriais no Mar da China Meridional.
O primeiro-ministro Li afirmou que se opõe “resolutamente às atividades separatistas que visam a independência de Taiwan”, uma ilha autônoma que Pequim considera parte do seu território.
Analistas consideram que entre o estímulo econômico e a segurança, o governo chinês opta pela segunda opção.
No ano passado, as autoridades endureceram uma lei que amplia a definição de espionagem e executaram operações de busca nos escritórios de várias empresas estrangeiras de consultoria, pesquisa e auditoria.
Antes da sessão parlamentar, a APN aprovou uma ampla revisão da lei dos segredos de Estado, um “sinal claro da importância da segurança na agenda do governo par este ano”, declarou à AFP Diana Choyleva, economista-chefe da Enodo Economics
Ho-fung Hun, professor de Economia Política da Johns Hopkins University, também prevê um aumento das “medidas de segurança nacional em todas as frentes”.
“Não vai ajudar a economia, mas pode ajudar o partido-Estado a suportar a tempestade da crise econômica”, disse.
Nas ruas de Pequim, um grande dispositivo de segurança recebeu os milhares de deputados que participam esta semana nas chamadas “Duas Sessões”, a reunião da APN e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC).
A maioria das decisões que devem ser adotadas nas reuniões já foram definidas há algumas semanas, em encontros privados do Partido Comunista.
Os temas em discussão e o tom dos discursos, no entanto, oferecem uma oportunidade de conhecer o que estão pensando as autoridades chinesas.
* Com informações da Reuters e da AFP