09/04/2025 - 8:20
A China adotará tarifas de 84% sobre produtos norte-americanos a partir de quinta-feira, acima dos 34% anunciados anteriormente, informou o Ministério das Finanças nesta quarta-feira, 9.
Pequim também impôs restrições a 18 empresas norte-americanas, principalmente em setores relacionados à defesa, somando-se às cerca de 60 empresas norte-americanas punidas por causa das tarifas impostas por Trump.
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A medida foi tomada depois que Trump cumpriu sua ameaça de impor uma tarifa adicional de 50% sobre a China, a menos que o país retirasse suas taxas de retaliação sobre os Estados Unidos, elevando para 104% o total de novas tarifas dos EUA sobre produtos chineses este ano.
“A China insta os EUA a corrigirem imediatamente suas práticas equivocadas, a cancelarem todas as medidas tarifárias unilaterais contra a China e a resolverem adequadamente as diferenças por meio de um diálogo igualitário, baseado no respeito mútuo”, diz a nota.
A China disse à Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta quarta-feira que a decisão do governo Trump de impor tarifas recíprocas a Pequim ameaça desestabilizar ainda mais o comércio global.
“A situação se agravou perigosamente. Como um dos membros afetados, a China expressa séria preocupação e firme oposição a esse movimento imprudente”, disse a China em uma declaração à OMC.
Mais cedo, nesta quarta-feira, a China divulgou um documento sobre os laços comerciais entre os EUA e a China, no qual chamou de “inevitável” a diferença comercial entre as duas maiores economias do mundo.
“O desequilíbrio comercial em bens entre a China e os EUA é um resultado inevitável de questões estruturais na economia dos EUA e uma consequência das vantagens comparativas e da divisão internacional do trabalho entre os dois países”, disse o relatório, que foi divulgado pelo Escritório de Informações do Conselho de Estado logo após a entrada em vigor das tarifas mais altas dos EUA.
EUA falam em decisão ‘lamentável’
A decisão da China de impor tarifas retaliatórias é lamentável e uma proposta perdedora para Pequim, disse o secretário de Tesouro dos EUA, Scott Bessent, nesta quarta-feira.
“Acho lamentável que os chineses realmente não queiram vir e negociar, porque são os piores infratores no sistema de comércio internacional”, declarou Bessent em entrevista à Fox Business Network.
Bessent afirmou que os aliados queriam discutir como reequilibrar as políticas comerciais da China em conversas com autoridades norte-americanas. “Essa é a grande vitória aqui. Os EUA estão tentando se reequilibrar em direção a mais manufatura. A China precisa se reequilibrar em direção a mais consumo”, disse ele.
Bessent também alertou Pequim contra a tentativa de desvalorizar sua moeda como forma de responder às novas tarifas.
“Se a China começar a desvalorizar, isso será um imposto sobre o resto do mundo e todos terão que continuar aumentando suas tarifas para compensar a desvalorização. Portanto, eu faço um apelo para que não façam isso e se sentem à mesa”, disse.
Outras cartas nas mãos da China
Segundo a agência Reuters, o banco central da China não permitirá quedas acentuadas do iuan e pediu aos principais bancos estatais que reduzam as compras de dólares norte-americanos, disseram pessoas com conhecimento direto do assunto.
A diretriz das autoridades ocorre em um momento em que o iuan enfrenta forte pressão de queda.
O Banco Popular da China enviou a orientação aos bancos estatais nesta semana, pedindo-lhes que retenham as compras de dólares norte-americanos para suas contas proprietárias, disseram três fontes. Os grandes bancos também foram instruídos a aumentar as verificações ao executar ordens de compra de dólares para seus clientes, disse uma delas, em um movimento que os mercados interpretam como uma forma de o banco central restringir as negociações especulativas.