PEQUIM (Reuters) – A administração aduaneira da China anunciou nesta quarta-feira retomada das importações de produtos de carne bovina do Brasil, numa importante medida do maior importador do produto brasileiro.

Maior exportador de carne bovina do mundo, o Brasil suspendeu os embarques para seu principal cliente após confirmar dois casos atípicos de “mal da vaca louca” em setembro.

Casos atípicos significam que os animais desenvolveram a doença de maneira espontânea, não estando relacionada à ingestão de alimentos contaminados, e que não há transmissão da doença entre os animais, não implicando riscos para a saúde humana.

Pequim informou que retomou as importações de produtos brasileiros de carne bovina desossada de animais com menos de 30 meses, segundo documento publicado no site da Administração Geral das Alfândegas.

O Ministério da Agricultura do Brasil confirmou a suspensão do embargo.

“Com isso, a certificação e o embarque da proteína animal para a China serão normalizados e podem ser retomados a partir de hoje”, disse o ministério.

A pasta observou que em novembro o governo chinês já havia liberado lotes de carne bovina brasileira que haviam sido embarcados com certificado sanitário concedido até 3 de setembro, antes do embargo.

“Realmente é uma boa notícia já esperada por nós há algum tempo, já tínhamos passado todas as informações técnicas e aguardávamos a confirmação”, afirmou a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em entrevista à rádio Jovem Pan.

A ministra minimizou os prejuízos, dizendo que nas primeiras semanas, a arroba bovina no Brasil caiu como efeito do embargo, mas depois reagiu, com a Rússia abrindo novas unidades para o mercado brasileiro.

Mas a proibição de exportação de carne bovina brasileira causou preocupação na comunidade comercial, já que os chineses compram recebem cerca de 40% das suas importações de carne bovina no Brasil.

Estima-se que, sem a China, as exportações brasileiras de carne bovina registraram perda de 762,3 milhões de dólares entre outubro e novembro deste ano, informou o Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), em nota.

Em Mato Grosso, dono do maior rebanho do país, a suspensão provocou uma frustração de receita de 117,3 milhões de dólares, disse o instituto citando que os valores foram calculados com base na receita referente aos mesmos meses de 2020.

Tereza Cristina lembrou que o Brasil teve alguns problemas para o desembarque na China de carne com certificação sanitária emitida antes do embargo, mas que está “tudo normalizado”.

Os governos dos dois países negociavam para resolver o assunto, uma vez que o embargo reduziu praticamente pela metade os embarques do Brasil desde outubro.

As importações de carne bovina da China aumentaram nos últimos anos, alimentadas pela crescente demanda por carne de uma classe média cada vez mais abastada.

(Por Emily Chow e Hallie Gu; com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier e Nayara Figueiredo)

((Tradução Redação São Paulo 55 11 56447751))

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