Além de polarizarem as atenções, esses dois parceiros/adversários protagonizaram também as melhores disputas. A China é hoje, disparado, o país que mais investe no Brasil, liderando o ranking de inversões diretas no mercado interno com sonoros US$ 17 bilhões. 

O volume de recursos despejado pelos chineses aqui representou pouco menos de um terço dos quase US$ 53 bilhões do total de ingressos de capital estrangeiro ao longo de 2010. 

 

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Em dezembro último essa proporção chegou a 40% dos US$ 15,3 bilhões registrados no mês. E, mesmo assim, o Brasil quer rever a relação bilateral, sob o prisma de uma menor “invasão” dos produtos de lá para o mercado de cá – que estariam provocando um início de desindustrialização local. 

 

O ringue da batalha está montado no gelado cenário de Davos, onde os dois contendedores foram buscar mais atenção. A China, que saiu de 2010 a todo vapor, mostrou ali, para uma plateia atenta, que segue na balada. 

 

E convenceu. O Brasil pleiteou e negociou maior espaço comercial no plano global porque teme o risco de um déficit na balança – hoje estimado em ao menos US$ 1 bilhão, como saldo negativo para o final de 2011, dado o ritmo de importações, em especial de mercadorias vindas do Oriente. 

 

A primeira arma do combate Brasil/China são as retaliações. O governo brasileiro quer pressionar os chineses com a ameaça de não formalização do status de economia de mercado àquele país. A falta dessa chancela ergue um muro de dificuldades práticas para os negócios chineses no continente sul-americano. 

 

O status foi preliminarmente formalizado em 2004, mas precisa de uma renovação em 2011. Sem ela será mais fácil para as autoridades brasileiras comprovar nos tribunais da OMC a prática de dumping (preço abaixo do custo de produção) dos chineses e assim amealhar compensações. 

 

De uma maneira ou de outra, as relações comerciais entre os dois países passa por um momento de interseção importante e de decisão. O Brasil não engoliu e busca também uma saída para a guerra cambial provocada em parte pelos chineses. 

 

Alega que a postura do parceiro atravanca um acordo para o reequilíbrio econômico global. O clima dos discursos esquenta na arena do Fórum Mundial enquanto Davos segue abaixo de zero do lado de fora do pavilhão.