06/07/2004 - 7:00
O sinal amarelo piscou para o Viagra no Brasil. Depois de completar um ano de mercado, o Cialis, da americana Eli Lilly, coloca em xeque uma das mais reconhecidas marcas da indústria de medicamentos no País e se consolida como o principal rival de um produto que virou sinônimo de combate à disfunção erétil. Números do IMS-Health, que audita a indústria farmacêutica, atestam o desempenho do vigoroso concorrente. Em maio último, a pílula da Lilly atingiu o seu pico no País. Ficou com 34,1% do mercado, o que significou uma receita de US$ 3,2 milhões mensais, enquanto o Viagra arrematou 56,3% ou US$ 5,2 milhões. A distância continua significativa, mas nunca o Viagra viu um concorrente tão próximo. O mais impressionante é a performance dos dois remédios desde janeiro. A participação do Cialis no início de 2004 era de 27,25% (US$ 2,4 milhões), enquanto a pílula azul tinha 64,7% (US$ 5,7 milhões). A Pfizer, dona do Viagra, alega que o mercado tem crescido nos últimos meses e portanto as vendas continuam no mesmo patamar. Mas a chegada do Cialis preocupa. Até porque, nesse setor, o Brasil é vice-líder mundial em volume de vendas para a Pfizer.
?Não vamos tirar o pé do acelerador. Nosso objetivo é alcançar 40% de participação em dezembro de 2004?, diz Daniela Lins, diretora de vendas da Eli Lilly no Brasil. Para ganhar mercado, o laboratório aproximou-se de médicos, apostou em campanhas educacionais e, claro, apelou para o marketing das 36 horas, que promete uma resposta ao estímulo sexual durante esse período.
Mas a Pfizer tem outra explicação para o crescimento do rival Cialis. Os executivos do laboratório acreditam que o ganho de participação decorre de uma estratégia baseada em descontos, o que atrai o distribuidor. Afinal, nessa indústria, é o distribuidor que tem a responsabilidade de abastecer as gôndolas. ?Nossas vendas mensais não foram afetadas. Vamos terminar o ano com 70% do mercado?, garante Mariano García-Valiño, diretor de marketing da Pfizer. ?Nossa evolução é consistente e independe da política de preços?, rebate Daniela, da Lilly. Até abril deste ano, o Cialis era o quinto remédio mais vendido do Brasil e passou para o quarto lugar. Nessa briga, sobrou até para o Uprima, do laboratório Abbott, que deverá sair de circulação.