30/05/2019 - 7:47
Para o consultor Timothy Papandreou, que participou do projeto do carro autônomo do Google e atuou por cerca de 15 anos em agências governamentais de transporte em Los Angeles e São Francisco, nos Estados Unidos, os governos precisam começar um diálogo de colaboração com empresas de mobilidade e devem aplicar suas metas de eficiência em todos os modais, não apenas nos novos. Papandreou será um dos principais palestrantes do Summit Mobilidade Urbana 2019, evento que ocorre nesta quinta-feira, 30, em São Paulo.
Como diretor de inovação da agência de transportes de San Francisco, um de seus objetivos era melhorar a experiência dos usuários. O que foi feito de fato?
Perguntamos a usuários como era a rotina diária e como poderíamos melhorá-la no curto prazo. Destacamos medidas rápidas e baratas, e que poderiam surtir grandes efeitos: faixas de pedestres mais seguras, mais ciclovias e gestão de estacionamentos. Testamos como acelerar o transporte público, desde faixas de ônibus exclusivas a pagamento via celular. Exploramos compartilhamento de carros, bicicletas e patinetes. Queríamos melhorias visíveis em semanas e meses.
Quando se trata de veículos autônomos, os individuais devem ser adotados antes ou depois do transporte de massa?
A primeira geração será particular, porque é mais gerenciável em termos de tecnologia e segurança. Mas já temos ônibus de baixa velocidade em serviços piloto. São menores e atuam como transporte público.
As cidades gastaram muito tempo e dinheiro construindo ruas para carros, enquanto temos calçadas estreitas e ciclovias ruins. Como redesenhar esses espaços?
A maioria das viagens são curtas e poderiam ser feitas com equipamento de micromobilidade. Agora, se os ciclistas não se sentirem seguros, especialmente à noite, não vão andar. É uma questão de equidade de gênero.
São Paulo tornou obrigatória a utilização de capacetes por usuários de patinetes elétricos, entre outras medidas e sanções. Especialistas argumentam que, na economia compartilhada, muita regulamentação pode matar a inovação. Você concorda?
Não posso falar sobre São Paulo, mas digo que as cidades precisam ter cuidado para garantir que estão tratando todo o sistema de transporte de maneira justa, sem escolher vencedores e perdedores. Muita regulamentação pode matar novas e promissoras maneiras de se locomover.
Essa polêmica é representativa do momento de outras cidades?
Há muita reação acontecendo a partir deste pequeno dispositivo elétrico. O patinete atingiu um nervo na maioria das cidades ao forçar a conversa sobre como nos tornamos tão insensíveis para deixar as pessoas escolherem andar, pedalar ou usar o transporte público. Agora é hora de parar de reagir e apontar o dedo para as novas empresas de mobilidade e começar um diálogo de colaboração. As cidades precisam aplicar suas metas em todos os modais, não apenas nos novos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.