O físico nuclear iraniano Shahram Amiri que, segundo Teerã, foi sequestrado por agentes da CIA, partiu dos Estados Unidos nesta quarta-feira com direção a Teerã, indicou o ministério das Relações Exteriores do Irã.

Antes de deixar Washington, onde na véspera se refugiou no escritório de interesses de seu país na embaixada do Paquistão, Amiri disse ao canal de televisão iraniano Press TV que revelará os detalhes de seu “calvário” assim que chegar a Teerã.

“Graças aos esforços da República Islâmica e à cooperação da embaixada do Paquistão em Washington, Shahram Amiri abandonou o território americano para dirigir-se ao Irã, através de um terceiro país”, declarou Ramin Mehmanparast, porta-voz da chancelaria iraniana, citado pela agência Isna.

Desde a ruptura das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Irã, há 30 anos, a embaixada do Paquistão abriga o escritório de interesses de Teerã.

O porta-voz do ministério das Relações Exteriores acrescentou que o chefe do escritório iraniano, Mostafa Rahmani, viu o físico partir.

Repetindo a acusação de que Amiri foi sequestrado por agentes americanos, Mehmanparast assinalou que o Irã manterá “seus esforços em nível legal e diplomático” contra o governo americano por sua responsabilidade no sequestro de Amiri.

Ao ser informado de que o Amiri havia se refugiado na representação iraniana, o departamento de Estado americano declarou que o cientista iraniano se encontra nos Estados Unidos por vontade própria e é livre para partir quando quiser.

“Ele está aqui (no país) por sua própria vontade e obviamente é livre para partir”, afirmou o porta-voz Philip Crowley.

Em sua entrevista ao canal iraniano, Amiri indicou que, durante os últimos 14 meses, foi “submetido a uma pressão psicológica grande e vigiado por homens armados”.

O cientista, no entanto, não indicou o lugar de sua detenção nem como conseguiu chegar à embaixada do Paquistão, que abriga a seção de interesses iranianos desde a ruptura das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a República Islâmica há 30 anos.

Shahram Amiri desapareceu em junho de 2009 na Arábia Saudita, para onde havia viajado para uma peregrinação muçulmana. Teerã afirma que ele foi sequestrado pelos Estados Unidos com a ajuda dos serviços de inteligência sauditas.

No final de março, o canal americano ABC afirmou que Amiri, apresentado como um físico nuclear, havia desertado e estava colaborando com a CIA.

Segundo a imprensa iraniana, Amiri é um “pesquisador de radioisótopos médicos da Universidade Malek Ashtar”, subordinada à Guarda da Revolução, o exército ideológico do regime islâmico.

Em 7 de junho, a televisão estatal iraniana difundiu um vídeo no qual um homem que diz se chamar Amiri afirmava ter sido sequestrado pelos serviços secretos americanos e estar detido perto de Tucson (Arizona, sudoeste dos Estados Unidos).

Depois o Irã solicitou, por vias legais, informações sobre ele.

Os Estados Unidos sempre desmentiram ter sequestrado o físico e até então se negavam a esclarecer se ele se encontrava ou não em seu território.

No final de junho, outro vídeo divulgado pelos meios de comunicação iranianos mostrava o mesmo homem que dizia ter fugido e que se encontrava em Virgínia (leste).

O Irã convocou em 7 de julho o adido de negócios da embaixada suíça, que representa os interesses americanos em Teerã, para protestar contra o sequestro de Amiri pela CIA.

“O adido de negócios suíço (Georg Steiner) foi convocado nesta terça depois da publicação de novos documentos vinculados ao sequestro de Shahram Amiri pelas forças de segurança americanas”, assinalou o ministério das Relações Exteriores iraniano sem detalhar os documentos.

A chancelaria iraniana afirma ter entregado à embaixada suíça as provas do sequestro de Amiri pela CIA.

“Esperamos que o governo americano anuncie o mais rápido possível os resultados de sua investigação sobre este cidadão iraniano”, afirmou Teerã, acrescentando que os Estados Unidos são responsáveis pela sorte de Amiri.

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