02/04/2019 - 16:34
A aprovação de uma reforma da Previdência “a conta-gotas” é mais crível no atual cenário do que aprovar uma “reforma dos sonhos”, disse nesta terça-feira, 2, o cientista político Carlos Melo, do Insper, em evento do Bradesco BBI. “Acredito muito mais em, no primeiro ano aprovar alguma coisa, no segundo ano outra coisa e no fim, somando tudo, algo que você chame de reforma”, disse. Segundo ele, a trégua na crise política do governo é muito bem-vinda para o andamento da reforma da Previdência, mas é cedo ainda para dizer que será duradoura.
Melo diz que há um erro de estratégia por parte do Executivo em tratar a relação com o Congresso Nacional e as articulações políticas necessárias como “velha política”. “Precisa de articulação política. O sujeito negociar com governo federal uma ponte, um posto de saúde, é legítimo.”, disse.
Segundo ele, as negociações em torno da reforma da Previdência, tanto no Congresso quanto no Executivo, estão sendo capitaneadas por pessoas sem experiência. Por isso, completou, a figura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, “ganhou tanto corpo”.
Ele aponta ainda que o misto de muita atenção, pressão sobre o presidente da República, aliadas às novas tecnologias, como a comunicação via Twitter, alimentam a permanência da crise política. E afirmou que há um erro de cálculo por parte do governo em falar apenas com seus eleitores. “O discurso dele conversa com o núcleo do bolsonarismo, ele deve estar conversando com 15 milhões de pessoas, é muito pouco. Política não é assim, é somar, é conversar com o país”, disse.