A terapia de reposição hormonal pode ajudar as mulheres a prevenirem o surgimento da doença de Alzheimer, sugere estudo publicado na última segunda (9) no periódico científico Alzheimer’s Research & Therapy.

A demência é uma das condições mais graves que afetam a população mundial. Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que o número de pessoas vivendo com doença neurodegenerativa deve quase triplicar e chegar a 153 milhões até 2050. Quase duas em cada três pessoas com Alzheimer são mulheres, e um gene chamado APOE4 é considerado um dos principais fatores de risco para o surgimento da condição.

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Uma equipe de pesquisadores das universidades de East Anglia e Edimburgo, ambas no Reino Unido, encontrou evidências de que a terapia de reposição hormonal pode ajudar a reduzir o risco do Alzheimer em mulheres portadoras desse gene.

Como mostra o jornal britânico The Guardian, os cientistas não disseram com certeza que a reposição hormonal, usada para controlas os sintomas da menopausa, reduzia o risco nas mulheres, mas consideraram as descobertas “realmente importantes” em meio às opções limitadas de tratamentos da demência. Os hormônios foram associados à melhoria da memória, da função cognitiva e de maiores volumes cerebrais na vida adulta em mulheres com o gene APOE4.

“É muito cedo para dizer com certeza que a terapia de reposição hormonal reduz o risco de demência em mulheres, mas nossos resultados destacam a importância potencial desse tratamento e da medicina personalizada na redução do risco de Alzheimer. A próxima etapa desta pesquisa será realizar um teste de intervenção para confirmar o impacto na cognição e na saúde do cérebro do início precoce da reposição. Também será importante analisar quais tipos de terapias são mais benéficas”, comenta o pesquisador Michael Hornberger, da Universidade de East Anglia, citado pelo jornal britânico.

No estudo recém-divulgado, os cientistas descobriram que a reposição hormonal era mais eficaz quando administrada durante a perimenopausa – período em que os sintomas da menopausa se acumulam meses ou anos antes de a menstruação parar – e pode levar a cérebros que parecem muito mais jovens.

De acordo com o The Guardian, a equipe analisou dados de 1.178 mulheres que participaram do Consórcio Europeu de Prevenção da Demência por Alzheimer. O projeto, que envolve 10 países, rastreou os cérebros de 1.906 pessoas com mais de 50 anos que não sofriam de demência quando ingressaram na iniciativa. Na pesquisa atual, foram analisados resultados de testes cognitivos e exames de ressonância magnética de volumes cerebrais.

Os cientistas descobriram que as voluntárias portadoras do APOE4 e que realizaram terapia de reposição hormonal tinham melhor cognição e volumes cerebrais maiores do que as que não trataram a menopausa e as que não tinham o gene de risco.

Como se sabe, o risco de Alzheimer e outros tipos de demência aumenta com a idade. A OMS estima que a condição afete cerca de uma em cada 14 pessoas com mais de 65 anos e uma em cada seis com mais de 80. Herdar o APOE4 não significa que a mulher vá, com certeza, desenvolver a doença.