Pesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, estão desenvolvendo comprimidos de insulina como substitutos das injeções diárias usadas por pacientes com diabetes tipo 1 (pâncreas não produz insulina).

No estudo realizado com cobaias, e publicado em junho na revista científica Scientific Reports, os cientistas descobriram que a insulina presenta na última versão dos comprimidos é absorvida pelos ratos da mesma forma que a injetada.

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“Esses resultados empolgantes mostram que estamos no caminho certo ao desenvolver uma formulação de insulina que não precisará mais ser injetada antes de cada refeição, melhorando a qualidade de vida e a saúde mental de mais de nove milhões de diabéticos tipo 1 em todo o mundo”, comenta o pesquisador Anubhav Pratap-Singh, principal autor do estudo, citado pelo site da universidade canadense.

Ele conta que a inspiração para criar a pílula inovadora veio de seu pai, que é diabético e, nos últimos 15 anos, precisa usar insulina de três a quatro vezes todos os dias.

De acordo com o pesquisador Alberto Baldelli, outro autor da pesquisa, a equipe agora está chegando à incrível marca de 100% da insulina dos comprimidos sendo entregues diretamente no fígado. Em tentativas anteriores de desenvolver a insulina oral, a maior parte da substância se acumulava no estômago.

Com a nova pílula, mesmo após duas horas da ingestão dela, os pesquisadores não encontraram insulina nos estômagos das cobaias. Já havia sido entregue ao fígado.

Quando se trata da administração de insulina, as injeções não são a forma mais confortável ​​ou conveniente para pacientes com diabetes tipo 1. Existem vários estudos criando formas de administrar o hormônio por via oral, mas a equipe da Universidade da Colúmbia Britânica se concentrou na dificuldade de como chegar à maior taxa de absorção da insulina.

Um diferencial do comprimido inovador é que ele não deve ser engolido, mas dissolvido quando colocado entre a gengiva e a bochecha. Com esse método, a insulina é absorvida adequadamente pela mucosa bucal, a fina membrana que reveste a parte interna da bochecha. O hormônio foi entregue ao fígado sem desperdício.

“Para insulina injetada, geralmente precisamos de 100 UI/ml por injeção. Outros comprimidos ingeríveis que estão em desenvolvimento e vão para o estômago podem precisar de 500 UI de insulina, já que grande parte é desperdiçada. Esse é um grande problema que estamos tentando resolver”, explica o pesquisador Yigong Guo, outro autor do estudo, também citado pelo site da universidade.

A maioria dos comprimidos de insulina que estão em desenvolvimento tende a liberar insulina lentamente ao longo de duas a quatro horas, enquanto o hormônio injetado tem liberação rápida, podendo ser totalmente absorvido de 30 a 120 minutos.

“Semelhante à injeção de insulina de ação rápida, nosso comprimido de administração oral é absorvido após meia hora e pode durar cerca de duas a quatro horas”, comenta Alberto Baldelli.

O estudo canadense ainda precisa passar pelos testes clínicos em humano. Além dos potenciais benefícios para diabéticos tipo 1, os cientistas lembram que o comprimido que estão criando também pode ser considerado mais sustentável, econômico e acessível do que as injeções de insulina.