28/01/2022 - 0:57
Cientistas da Universidade Tufts, nos EUA, conseguiram regenerar a perna amputada de um sapo, permitindo que o anfíbio pudesse nadar novamente. A façanha dá esperança aos milhões de amputados em todo o mundo.
Segundo o jornal britânico The Telegraph, no experimento inovador, pesquisadores amputaram a perna do sapo africano (Xenopus laevis) antes de envolver o membro com um “redoma” especial feita de silicone e preenchida com um coquetel formado por cinco medicamentos durante 24 horas.
+ Dinamarca deixa de considerar Covid como doença “crítica” e elimina restrições
Isso desencadeou um processo de regeneração que durou 18 meses e levou à formação de uma perna quase completas e funcional, com estrutura óssea quase normal e vários dedos na pata. O animal conseguiu mover o novo membro, que respondia ao toque. O anfíbio até conseguiu nadar na água como um sapo normal, afirmam os cientistas no estudo publicado na última quarta (26/1) na revista científica Science Advances.
Agora, a equipe quer testar o processo em mamíferos para, caso seja bem-sucedido, adaptar o processo aos humanos.
“É emocionante ver que as drogas que selecionamos estavam ajudando a criar um membro quase completo. O fato de ter sido necessária apenas uma breve exposição às drogas para iniciar um processo de regeneração de meses sugere que sapos e talvez outros animais possam ter capacidades regenerativas adormecidas que podem ser ativadas”, explica a pesquisadora Nirosha Murugan, da Universidade Tufts, principal autora do estudo, citada pelo The Telegraph.
Vale lembrar que muitos animais possuem a capacidade de regenerar membros, incluindo salamandras, estrelas do mar, caranguejos e lagartos. Os platelmintos (vermes achatados) podem até ser cortados em pedaços, com cada pedaço reconstruindo um organismo inteiro.
Mesmo os humanos podem regenerar seus fígados até o tamanho completo se metade do órgão for perdido, mas braços e pernas são estruturalmente tão complexos que não podem ser restaurados por nenhum processo natural.
Em vez de regenerar os membros, cresce um monte de tecido cicatricial, prevenindo infecções e perda de sangue, mas também impedindo a regeneração, informa o jornal britânico.
Para interromper esse processo natural no sapo usado no estudo recém-divulgado, cientistas escolheram medicamentos que reduziram a inflamação, inibiram a produção de colágeno, que levaria à cicatrização, e estimularam o crescimento de nervos, vasos sanguíneos e músculos.
Animais que podem regenerar membros tendem a viver na água, o que os cientistas suspeitavam ser a chave para evitar a cicatrização.
Por isso, na pesquisa, o membro amputado do anfíbio ficou dentro de uma “redoma” cheia desses remédios e que imitava as condições existentes no saco amniótico que ajuda o feto a se desenvolver. Esse processo interrompeu a cicatrização da ferida e desencadeou a regeneração, simulando a formação de membros no embrião.
“Mamíferos e outros animais em regeneração geralmente têm seus ferimentos expostos ao ar ou em contato com o solo, e podem levar dias ou semanas para fechar com tecido cicatricial”, explica o pesquisador David Kaplan, também da Universidade Tufts, outro autor do estudo, citado pelo The Telegraph.