Cientistas da Universidade da Califórnia desenvolveram uma colher capaz de adoçar a comida sem a necessidade de adição de açúcar. O talher chamado de Sugarware possui ondulações na parte inferior que aumentam a área de superfície que tem contato físico com as papilas gustativas em nossa língua.

Essas “bolhas” são cobertas por uma camada de moléculas chamadas ligantes. Esta substância química que interage com receptores específicos nas células para iniciar uma resposta fisiológica. Nesse caso, os pesquisadores dizem que o ligante usado é retirado do açúcar e grudado na colher.

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Como resultado, a colher estimula receptores de doçura específicos nas papilas gustativas, sem a necessidade de ingerir açúcar de verdade.

Simplificando o proceso: a colher engana o cérebro nos fazendo pensar que estamos comendo algo doce. A língua consegue detectar o açúcar, mas o que dá o gosto doce — ou seja, o ligante — está preso à colher, e não na comida ingerida.

O produto foi desenvolvido pensando em pessoas com diabetes ou que desejam reduzir o consumo de açúcar. Carolyn Chiu, membro da equipe Sugarware e estudante da Universidade da Califórnia, explica que a colher tem o objetivo de substituir até mesmo o uso de adoçantes artificiais — há evidências científicas de que eles podem ter um efeito negativo na microbioma intestinal.

Um estudo publicado na revista científica Cell, no ano passado, apontou que os adoçantes não nutritivos — os sem calorias — podem alterar os microbiomas dos consumidores humanos de maneira que impacte os seus níveis de açúcar no sangue. O trabalho aponta que a sacarina e a sucralose — adoçantes artificiais — aumentaram a resposta glicêmica dos indivíduos. Isso significa que havia mais “açúcar” circulando pelo sangue deles, uma das condições que aumenta o risco para diabetes tipo 2.

Em outro estudo, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual da Flórida descobriram que o aspartame, um adoçante artificial encontrado em quase 5 mil alimentos e bebidas, está ligado a comportamentos semelhantes à ansiedade. O estudo foi feito em camundongos e revelou que os efeitos se estenderam por até duas gerações dos machos expostos à substância.

Um estudo publicado na Nature Medicine, este ano, apontou que níveis elevados do adoçante eritritol no sangue aumentam o risco de uma pessoa sofrer um evento cardíaco adverso grave, como ataque cardíaco, derrame ou morte. Os cientistas da Cleveland Clinic também descobriram que o adoçante tornou as plaquetas mais fáceis de ativar e formar coágulos sanguíneos.

Hashis elétricos que realçam sabor salgado

Não é a primeira vez que cientistas desenvolvem talheres que alteram o sabor de alimentos. No ano passado, pesquisadores japoneses desenvolveram hashis computadorizados que realçam o sabor salgado e podem ajudar a dieta de quem precisa controlar a ingestão de sódio.

O dispositivo usa uma corrente elétrica fraca para transmitir, através das varetas, íons de sódio que vão dos alimentos até a boca, onde criam uma sensação de salinidade. Como resultado, o sabor salgado aumenta 1,5 vez.