Cientistas criaram um material bem incomum para ajudar na construção de estruturas em outros planetas: um concreto feito de poeira espacial e fluidos de astronautas, incluindo sangue. O bizarro material foi descrito no estudo publicado na última sexta (10) na revista científica Materials Today Bio.

O concreto é “perfeitamente adequado para trabalhos de construção em ambientes extraterrestres”, como na Lua ou em Marte, de acordo com cientistas citados pela emissora australiana Sky News. Isso porque não envolve o transporte de materiais de construção da Terra.

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O custo para levar um único tijolo para Marte foi estimado em cerca de US$ 2 milhões (cera de R$ 10,44 milhões), o que significa que os futuros colonizadores do Planeta Vermelho não poderão levar materiais de construção com eles, mas terão que utilizar recursos que podem ser obtidos in loco, diz a emissora.

O estudo recém-publicado mostra justamente que futuras colônias espaciais poderão criar os materiais necessários a partir da poeira cósmica misturada com sangue, suor e lágrima de astronautas.

“Os cientistas têm tentado desenvolver tecnologias viáveis para produzir materiais semelhantes ao concreto na superfície de Marte, mas nunca paramos para pensar que a resposta estaria dentro de nós o tempo todo”, comenta o pesquisador Aled Roberts, da Universidade de Manchester, no Reino Unido, um dos autores do estudo, citado pela Sky News.

Segundo a pesquisa, os ingredientes essenciais do novo concreto são a albumina (proteína comum no plasma sanguíneo) e a ureia, produto residual encontrado na urina, no suor e nas lágrimas.

Esses dois componentes de fluidos humanos podem ser misturados à poeira presente no solo lunar ou marciano para produzir um material mais forte do que o concreto fabricado na Terra.

A substância resultante, denominada “AstroCrete”, como mostra a emissora australiana, possui resistência à compressão 300% maior do que o concreto tradicional (feito de cimento, areia e brita) e pode suportar as condições climáticas incomuns do espaço.

Além disso, o solo de Marte pode conter metais que, após serem refinados, poderão ser transformados em componentes de abrigos e equipamentos, inclusive de geração de energia, afirmam os cientistas.

Conforme a Sky News, o estudo recente foi baseado numa invenção milenar chinesa que misturava sangue de porco e cal para criar um material parecido com cimento.

Os cálculos dos pesquisadores revelam que uma tripulação de seis astronautas numa missão de dois anos em Marte poderia produzir mais de 500 kg de AstroCrete.