19/08/2020 - 19:44
Há tempos os cientistas tentam fabricar pequenos robôs capazes de entrar em locais inacessíveis ou muito perigosos para os humanos, mas até agora não tinham conseguido energia suficiente para fazê-los se movimentar.
Uma equipe da Universidade do Sul da Califórnia conseguiu esse objetivo, com a criação de um robô de 88 miligramas, o “RoBeetle”, que funciona com metanol e usa um sistema muscular artificial para se movimentar, subir e carregar peso durante um máximo de duas horas.
O dispositivo em forma de besouro tem apenas 15 milímetros de comprimento, tornando-o “um dos menores e mais leves robôs autônomos já criados”, ressaltou o seu inventor, Xiufeng Yang, à AFP.
“Queríamos criar um robô que fosse semelhante em tamanho e peso a insetos reais”, acrescentou Yang, o principal autor de um artigo sobre a invenção publicado nesta quarta-feira na revista Science Robotics.
O problema com a fabricação desse tipo de dispositivo é que a maioria dos robôs precisa de motores pesados e de eletricidade, o que requer a adição de baterias.
As menores baterias disponíveis no mercado são entre 10 e 20 vezes o peso do escaravelho desenvolvido.
Para superar esse obstáculo, Yang e seus colegas criaram um sistema muscular artificial baseado em combustível líquido, nesse caso o metanol, que armazena cerca de 10 vezes mais energia do que uma bateria do mesmo tamanho.
Esses músculos são formados por fios feitos de níquel e titânio, cujo comprimento se contrai quando aquecido, ao contrário da maioria dos metais, que se expandem a altas temperaturas.
Os criadores do RoBeetle cobriram esses cabos com pó de platina que atua como um catalisador para a combustão do vapor de metanol.
Conforme o vapor dos tanques de combustível do robô se transforma em pó de platina, o cabo se contrai e um conjunto de microválvulas fecha para interromper a combustão.
O cabo então esfria e se expande, o que reabre as válvulas. O processo é repetido até que o reservatório de metanol se esgote.
O movimento de contração e expansão desses cabos é conectado às patas dianteiras do RoBeetle por meio de um mecanismo de transmissão que permite que lhe permite rastejar.
A equipe testou seu robô em superfícies planas e inclinadas feitas de materiais lisos, como vidro, ou ásperos, como a parte superior de um colchão.
O RoBeetle pode carregar até 2,6 vezes seu peso e funcionar por duas horas com o tanque cheio, segundo seu criador.