18/06/2022 - 2:11
O câncer de mama e o diabetes tipo 2 parecem doenças bem diferentes, mas cientistas acreditam que existem associações entre elas. Em estudo publicado na última segunda (30/5) na revista científica Nature Cell Biology, é descrito um possível mecanismo biológico que conecta o tumor nas mamas e o diabetes, especialmente em relação à redução da produção de insulina (que aumenta o nível de glicose no sangue).
O problema estaria ligado às vesículas extracelulares, esferas ocas secretadas ou liberadas por células para transporte de DNA, RNA, proteínas, gorduras e outros materiais entre elas, numa espécie de sistema de carga.
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Como mostra o site americano News Medical, o estudo realizado em cobaias descobriu que as células cancerígenas estavam secretando microRNA-122 pelas vesículas. Quando essas esferas atingiam o pâncreas, podiam entrar nas células responsáveis pela produção de insulina e liberar a carga de microRNA-122. Isso pode danificar a função das células pancreáticas que ajudam na manutenção do nível normal de glicose no sangue.
“As células cancerosas gostam de doces. Elas usam mais glicose do que células saudáveis para alimentar o crescimento do tumor, e isso tem sido a base para exames de detecção de câncer. Enquanto privam esse nutriente essencial das células normais”, comenta a pesquisadora Shizhen Emily Wang, da Universidade da Califórnia, em San Diego, nos EUA, uma das autoras do estudo, citada pelo site de notícias médicas.
Na pesquisa conduzida em camundongos, os cientistas descobriram que pílulas de insulina de liberação lenta ou uma droga redutora de glicose (conhecida como inibidor de SGLT2) foi capaz de restaurar o controle normal da glicose na presença do câncer de mama, ajudando inclusive na supressão do crescimento do tumor.
“Essas descobertas apoiam uma maior necessidade de triagem e prevenção de diabetes entre pacientes e sobreviventes de câncer de mama”, afirma Wang, observando que um composto inibidor de microRNA-122 está em fase de teste clínico como potencial tratamento para hepatite C crônica. Ele também se mostra eficaz para restaurar a produção normal de insulina e suprimir o crescimento de câncer em cobaias.