18/02/2025 - 17:13
Cientistas realizaram um feito nas pesquisas sobre fusão nuclear – uma fonte de energia que promete ser inesgotável, limpa e barata -, ao conseguir manter plasma durante mais de 22 minutos em um reator experimental, anunciou a Comissão de Energia Atômica da França.
A fusão nuclear consiste em reproduzir as reações que acontecem no coração das estrelas, mediante a sobreposição de dois núcleos atômicos de hidrogênio, que se transformam em hélio, sem resíduos radioativos, e liberam quantidades extraordinárias de energia. O processo é o inverso da fissão, usada nas usinas nucleares atuais, que consiste em quebrar as ligações de núcleos atômicos pesados.
Esta técnica é tema de pesquisas há décadas, pois para se obter a fusão é preciso alcançar temperaturas de pelo menos 100 milhões de graus Celsius para criar e confinar o plasma, que deve ser contido mediante eletromagnetismo, pois nenhum material suporta tamanhas temperatura e pressão.
O reator Tokamak West, explorado no centro da Comissão de Energia Atômica e Energias Alternativas (CEA) em Cadarache, perto de Marselha (sul da França), conseguiu, em 12 de fevereiro, manter um plasma durante 1.337 segundos, “melhorando em 25% o recorde anterior” estabelecido em janeiro na China, informou a CEA em um comunicado.
O registro demonstra “que controlamos [o plasma] em sua produção, mas também em sua manutenção”, disse à AFP Anne-Isabelle Étienvre, diretora de pesquisas fundamentais da CEA.
Os cientistas ainda precisam eliminar muitos “obstáculos tecnológicos” para que a fusão termonuclear possa “produzir mais energia do que consome”, o que ainda não é o caso, assinalou.
Nos próximos meses, a equipe prevê alcançar “durações de plasma muito longas, da ordem de várias horas acumuladas” e aquecer “este plasma a temperaturas ainda mais altas para se aproximar o máximo possível das condições esperadas nos plasmas de fusão”, informou a CEA.
O objetivo é “preparar o melhor possível a exploração científica do Iter”, projeto de reator experimental, lançado em 1985 por União Europeia, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Índia, Japão e Rússia.
Inicialmente prevista para 2025, a produção do primeiro plasma do Iter, foi adiada para 2033 pelo menos.