A mineira Cimed, um dos maiores laboratórios farmacêuticos do País, com faturamento de R$ 2,3 bilhões neste ano, está com a cabeça no espaço, literalmente. A empresa acaba de criar a Cimed X, divisão de pesquisa e desenvolvimento de novas drogas, que inclui estudos em órbita na Estação Espacial Internacional (ISS).

Segundo o presidente João Adibe Marques, o laboratório será utilizado para o desenvolvimento de novos produtos e aprimoramento dos já existentes. A operação será em parceria com a empresa de logística Airvantis. “O ambiente de microgravidade é o único impossível de ser reproduzido na Terra”, afirmou. “A investigação por meio dos experimentos espaciais é vital para termos uma indústria farmacêutica nacional mais bem preparada a atender às diversas necessidades de saúde atuais e futuras.”

Na terça-feira (21), as primeiras três amostras de uma proteína do Sars-Cov-2 foram enviadas pela Cimed ao espaço no foguete Falcon 9, da Space X, do Cabo Canaveral, na Flórida. As amostras, vedadas e acondicionadas, serão enviadas junto de mantimentos e itens para os astronautas. Em junho de 2022, outras três amostras da proteína N voarão para a ISS, dessa vez do Cazaquistão. Com os dois voos separados, o objetivo é minimizar possíveis erros e melhorar o experimento.

Na segunda fase do projeto, no primeiro semestre de 2022, a Cimed também vai liderar estudos em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), para testes de absorção de vitaminas com produtos da empresa na ISS. Em paralelo ao plano espacial, a Cimed irá inaugurar no ano que vem nova fábrica, de R$ 300 milhões, na região de Pouso Alegre (MG). Com isso, a companhia vai ampliar sua capacidade produtiva dos atuais 28 milhões para mais de 40 milhões de caixas de comprimidos por mês. Na Terra.

(Nota publicada na edição 1254 da Revista Dinheiro)