O empresário gaúcho César Cini gosta de dizer que nasceu numa gaveta. A força de expressão se deve o fato de ele ser filho de marceneiro – e a vida da família se confundir com a produção de móveis na região de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Tanto César quanto os irmãos mais velhos foram trabalhar na Madesa, uma das maiores e mais modernas empresas do setor no País. Com o tempo, porém, o caçula da família Cini preferiu seguir seu próprio caminho.

Foi estudar e trabalhar na Itália, onde viveu por 13 anos. Quando voltou ao Brasil, percebeu que tinha muito a contribuir tanto com a indústria moveleira gaúcha quanto com arquitetos que assinam projetos de altíssimo padrão para clientes dentro e fora do Brasil.

Foi com isso em mente que criou a Cinex, empresa de soluções para construção e decoração que atua tanto no B2B, fornecendo principalmente esquadrias e vidros para as principais marcas do segmento de planejados, quanto no B2C, com clientes interessados em incorporar os materiais mais avançados para criar espaços de moradia ou de trabalho com design luxuoso, empregando tecnologia de ponta e materiais sustentáveis, como vidro e alumínio.

Com um olhar atento para as tendências da arquitetura e da construção, César Cini produz peças em vidro e alumínio que, além de mais sustentáveis, transformam uma residência em obra de arte, como no projeto assinado pela arquiteta Monica Rizzi que incorpora as principais soluções da Cinex, no Vale dos Vinhedos (Crédito:Divulgação)

Depois de 25 anos em constante busca por inovação no setor, Cini decidiu investir R$ 10 milhões em um complexo que reúne tudo (ou quase) que a Cinex pode oferecer, em duas construções que ocupam parte de um terreno de 23 mil m2 em pleno Vale dos Vinhedos.

Trata-se de um espaço perene para servir como ponto de encontro e inspiração para profissionais do setor de arquitetura e design. “A Casa Cinex e a Casa Cin Concept acabam por representar os produtos Cinex em sua expressão máxima”, afirmou o fundador e CEO César Cini.

“Pudemos utilizar nosso portfólio de soluções de forma diversa, atendendo a diferentes funcionalidades, sempre com um olhar para o design e inovação”, disse.

O ambiente principal, chama atenção desde o lado de fora, com sua imponente implantação no alto de um colina, com amplas áreas envidraçadas. Desde a porta de entrada, que mede quatro metros de altura, totalmente em vidro, a sensação do visitante é a de estar em uma moradia do futuro. Não por acaso, a assinatura da Cinex é “inovação e emoção”.

Segundo a arquiteta Monica Rizzi, o projeto serviu como um laboratório para experimentações. Ela priorizou as linhas geométricas e contemporâneas para que a edificação pudesse agregar esquadrias grandiosas (e, ao mesmo tempo, minimalistas), que são o centro das atenções.

Elas foram usadas ao longo de quase toda a extensão do piso térreo, e podem ser recolhidas nas paredes da casa, criando um vão que possibilita uma experiência de contemplação da natureza, de tirar o fôlego. “Elas provam que é possível transformar esquadrias em verdadeiros objetos de desejo”.

Um projeto de paisagismo regenerativo completa o conceito, enquanto preserva a biodiversidade da fauna e da flora do local, promovendo a integração com o entorno e respeitando a sazonalidade das espécies.

Nos ambientes da Casa ainda é possível se surpreender com objetos de design dos premiados Irmãos Adriano, de Turim, na Itália.

Chamam a atenção uma bicicleta ergométrica e uma mesa de pingue pongue, ambas em vidro translúcido.

Mas é na cozinha que os itens desenvolvidos pela dupla se destacam. Em vez de um fogão ou cooktop, um conjunto de indutores semelhantes a pratos podem ser montados em qualquer bancada para fornecer o calor necessário às panelas e frigideiras.

Com a aparência de uma luminária, a coifa Pura (premiada com o IF Awards na categoria Cozinha) completa o ambiente futurista.

Em contraste, o estofado Isetta, criação dos designers italianos em collab a Cinex e a Saccaro, dá um toque retrô à decoração.

Já o lavabo é todo revestido em vidro acidato impresso que emula o efeito de mármore. As surpresas prosseguem ao descer as escadas para o andar inferior, onde foi montado o espaço denominado Loft Garagem. Formado por dormitório, sala de banho, uma cozinha que se esconde sob painéis de alumínio, sala de estar e mesa de trabalho.

Objetos que compõem o imaginário dos amantes de viagens e carros (uma das paixões de César Cini), são expostos em estantes com bases de vidro iluminadas.

(Divulgação)
Acima, as esquadrias que permitem integrar o ambiente da sala com o paisagismo da área externa. Aqui a casa conceito criada pelos Irmãos Adriano para ser transportada e pode se adaptar a diferentes necessidades. Para Cini, “são espaços pensados para conectar as pessoas com design, tecnologia, natureza e com o aqui e agora” (Crédito:Divulgação)

CASA CIN CONCEPT

Ainda mais futurista é a casa vizinha, de cerca de 60m2, assinada pelos Irmãos Adriano e concebida para ser transportável e totalmente sustentável. O telhado é ocupado por painéis de energia solar que alimentam a casa. O espaço interno, por sua vez, ora se expande, ora se contrai, adaptando-se para ser usado como quarto de dormir (a cama de casal é escamoteável) ou espaço para a prática de atividades físicas ou meditativas.

Brises móveis oferecem uma sombra poética e esquadrias deslizantes protegem a casa, enquanto oferecem ampla vista do entorno.

Mais do que um showroom, a Cinex buscou oferecer uma experiência para os sentidos. “São espaços pensados para conectar as pessoas com design, tecnologia, natureza e com o aqui e agora”, afirmou Cini. Mais que isso, eles comprovam o quanto é possível ter, hoje, uma casa que até pouco tempo só existiria na imaginação de arquitetos e designers de vanguarda.

Um museu com as menores maravilhas do mundo

(Divulgação)

A paixão de César Cini por microcarros teve início quando ele morava na Itália. E foi lá que ele começou a adquirir os exemplares que hoje fazem parte da Cini Microcars Collection, que ocupa um pavilhão ao lado da Casa Cinex, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves.

São cerca de 25 carros, todos em ótimo estado de conservação e funcionando. Alguns parecem motos cobertas, outros têm lugar para quatro passageiros, mesmo com dimensões minúsculas. Uma viagem no tempo que vale a visita.