11/01/2013 - 21:00
Papéis avulsos
Com a baixa dos juros no Brasil, o ganho fácil da ciranda financeira ficou distante, o que incentiva a procura do investidor por aplicações mais arriscadas, em busca de um retorno maior. Esse cenário favorece a volatilidade do mercado e abre caminhos para boatos e especulações de investidores. Depois do setor elétrico, a última vítima foi o financeiro, com rumores sobre uma possível fusão entre Santander e Bradesco, desmentida enfaticamente por ambas as instituições.
A boataria fez as units da unidade brasileira do banco espanhol subirem 5,06%, na quinta-feira 10, enquanto os papéis do Bradesco caíram 1,32%. Segundo Rodolfo Amstalden, analista da Empiricus Research, apesar das negativas dos bancos, muita gente ainda aposta na fusão e por isso está comprando os papéis. Mesmo assim, o analista vê a transação como improvável. “Não faz sentido para o Bradesco, não é necessária para o Santander e não seria bem-vista pelo Banco Central, por conta da concentração do setor”, afirma. Segundo ele, a alta dos papéis do Santander, por estar relacionada aos boatos, não se sustentará. É melhor tomar cuidado.
Títulos privados
Estoque de debêntures bate recorde
A Cetip, responsável por 99% do mercado brasileiro de títulos de renda fixa, registrou um estoque de R$ 505 bilhões em debêntures, em dezembro de 2012. Segundo a Cetip, o volume é 26,4% maior que os R$ 399,3 bilhões anotados no final de 2011. “Hoje, 125 empresas possuem uma emissão em aberto”, diz Fabio Zenaro, gerente de desenvolvimento de produtos e negócios. “Apesar do crescimento, o número ainda é bastante tímido”, diz.
Bancos
Captação bilionária do BTG
O BTG Pactual, presidido por André Esteves, quebrou a tradição do governo federal e inaugurou o mercado de bonds brasileiros no Exterior. O banco de investimentos captou US$ 1 bilhão, o dobro do valor projetado inicialmente, para papéis com vencimento para sete anos e juros de 4,1% ao ano. Segundo fontes internacionais, mais de 300 investidores fizeram ofertas e a demanda chegou a US$ 6,4 bilhões.
Destaque no pregão
O mergulho da Hering
As ações da Cia. Hering caíram 11,92%, para R$ 38,35, na quinta-feira 10, chegando a amargar uma baixa de 12,33% durante o dia. O motivo do recuo foi um desaquecimento nas vendas em mesmas lojas (abertas há pelo menos um ano), que registrou uma queda de 0,2% no quarto trimestre de 2012. “O desempenho já demonstra uma melhora no cenário de vendas, embora ainda abaixo do nosso potencial de crescimento”, diz o comunicado da companhia catarinense ao mercado. No entanto, a Hering obteve um crescimento de 10,7% na receita bruta total e um aumento de 14,8% nas vendas totais da rede Hering Store.
Palavra de analista:
Karina Freitas, analista da corretora Concórdia, afirma que, mesmo com o resultado mais fraco no trimestre, mantém a recomendação de compra dos papéis, baseada no cenário favorável para o varejo. “Vamos avaliar de perto as próximas publicações da empresa, para analisarmos se o desempenho aquém do esperado é pontual”, diz.
Quem vem lá
Queiroz Galvão vai a Wall Street
A Queiroz Galvão Óleo e Gás Constellation, prestadora de serviços de perfuração petrolífera, controlada pela família pernambucana Queiroz Galvão, entrou com pedido de oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês), nos Estados Unidos. O objetivo é levantar US$ 500 milhões que serão usados para o pagamento de duas sondas de perfuração em águas ultraprofundas e bancar investimentos em projetos atuais. A companhia, sediada em Luxemburgo, afirmou que pretende listar ações ordinárias na bolsa de Nova York, sob o código QGOG.
Touro x Urso
O mercado financeiro deve seguir de olho no cenário internacional. A semana começa com o discurso de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, o banco central americano, que deve falar sobre a questão do chamado abismo fiscal e vai ditar o ritmo da semana.
Mercado em números
BB
R$ 11,3 bilhões - Foi o volume de crédito imobiliário concedido pelo banco estatal em 2012. Trata-se de um crescimento de 75% diante do volume registrado em 2011.
Cemig
R$ 1,6 bilhão - É o valor que a empresa pretende arrecadar com a emissão de 1,6 milhão de debêntures simples. Com vencimento para cinco, oito e 12 anos, cada papel deve custar R$ 1 mil.
Fleury
R$ 500 milhões - É o quanto a rede de laboratórios quer captar com a emissão de debêntures simples, com vencimento para sete anos. Ao todo serão emitidos 50 mil títulos, ao valor de R$ 10 mil cada um.
Vigor
R$ 180 milhões - É o valor que a empresa vai investir na construção de uma fábrica e um centro de distribuição na cidade do Rio de Janeiro. A maior parte dos recursos, R$ 150 milhões, deve ser utilizada na construção da fábrica.
Pão de Açúcar
500 - É o número de lojas que a rede varejista pretende abrir até 2015. Para atingir essa meta, a empresa precisa inaugurar 170 lojas por ano, mais que o dobro do registrado em 2012.
Pelo mundo
Carlyle tem ganho recorde com seguradora chinesa
O grupo americano de private equity Carlyle vendeu a participação emanescente na China Pacific Insurance (CPIC), por US$ 793 milhões. Após as vendas, o Carlyle Group acumulou uma receita de mais de US$ 4 bilhões com a empresa, cinco vezes mais do que investiu na CPIC, entre 2005 e 2007.
Alcoa abre temporada de balanços nos EUA
Na abertura da temporada de resultados do quarto trimestre de 2012 nos Estados Unidos, a Alcoa informou um lucro de US$ 242 milhões, revertendo o prejuízo de US$ 193 milhões de 2011. As ações da empresa caíram 0,22% na quarta-feira.
Executivos do UBS são interrogados em londres
Os diretores do UBS, dentre eles o CEO, Andrea Orcel, foram interrogados na quarta-feira 9, pelo Parlamento britânico, sobre suas normas e os controles após uma série de escândalos. Na data, as ações subiram 4,11%.
Personagem
Minerva reduz endividamento
O frigorífico Minerva captou, no fim de 2012, R$ 450 milhões com uma emissão de ações na BM&FBovespa. O dinheiro chegou no momento em que dez países embargaram as compras de carne brasileira por conta de uma suposta incidência da doença da vaca louca no Brasil. Em reunião da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais (Apimec), o CEO Fernando Galletti de Queiroz negou que o Brasil tenha o rebanho contaminado pelo vírus.
Fernando Galletti de Queiroz, CEO: ”Não temos vaca louca”
Por que o Minerva emitiu um lote suplementar de ações?
Foi uma forma de atender à grande demanda por nossos papéis. Ao todo, captamos R$ 452,9 milhões, sendo R$ 2,9 milhões com o lote suplementar. Além disso, tivemos sucesso na emissão de bônus no Exterior, em março de 2012, quando captamos US$ 100 milhões. Os papéis tiveram uma valorização de 43%.
Qual o destino desses recursos?
Dois terços serão usados para reduzir a alavancagem de dívidas e o restante será investido na empresa. O Minerva está sempre atento às possibilidades para alongar as dívidas.
No começo de dezembro, o governo brasileiro confirmou que foi encontrado em um animal, morto em 2010, o agente causador da doença da vaca louca. O Brasil corre riscos?
Não temos vaca louca. O que tivemos foi um evento priônico (referência ao nome da proteína da doença da vaca louca). O problema foi a interpretação que se deu ao comunicado do Ministério da Agricultura.
Então, por que tanto alvoroço?
Faz parte do comércio internacional. Você coloca o embargo sobre a mesa com o objetivo de negociar. Os países que suspenderam as compras representam menos de 4% das nossas receitas externas. São volumes que podem ser facilmente diluídos em outros mercados. O governo concentrou esforços para esclarecer o episódio e o resultado mostra que a estratégia foi bem-sucedida.
Mas as ações caíram 9%, no dia 11 de dezembro, dia do anúncio. Por quê?
Temos de perguntar aos vendedores. Mesmo com a queda, nossas ações tiveram uma valorização superior a 120%, em 2012.
Colaboraram: Patricia Alves e Fernando Teixeira