O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, votou na manhã deste domingo em Fortaleza e indicou que esta pode ter sido sua última candidatura presidencial, depois de concorrer quatro vezes ao Palácio do Planalto.

“Eu pretendo parar por aqui. Se eu ganhar, eu quero trocar minha reeleição pela reforma que o país precisa ter e que foi jogada na lata do lixo em nome de projetos de poder trágicos para o país. Se eu não vencer, eu quero ajudar a juventude a pensar as coisas sem a suspeição de uma candidatura”, disse ele após registrar seu voto.

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“Claro que essas coisas sempre podem mudar, quero deixar registrado aqui, mas eu tenho 64 anos, dei minha vida inteira à causa do povo brasileiro. Chego aqui sem nunca ter sido denunciado por corrupção, é raro político do Brasil poder dizer isso hoje. Sempre entreguei aquilo que a população brasileira esperou de mim e talvez esteja na hora de eu cuidar da minha vida, dos meus lindos filhos e netos”, acrescentou.

Ex-prefeito, ex-governador e ex-ministro de Estado, Ciro concorreu à Presidência em 1998, 2002 e 2018 antes deste ano.

O resultado das urnas neste domingo deve revelar um enfraquecimento dele, que deve ter desempenho pior do que teve em 2018, quando encerrou em terceiro lugar com 12,47% dos votos válidos. Agora, o pedetista, que adotou tom agressivo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha, a ponto de ser acusado de alinhar-se ao bolsonarismo, aparece entre 4% e 8% dos votos válidos nas pesquisas.

Ciro não quis adiantar se apoiará algum candidato em caso de segundo turno. “Vamos deixar a apuração acontecer. Senão, qual o sentido se eu estar aqui?”, disse.

Seis pesquisas de intenção de voto divulgadas no sábado mostraram Lula com alguma chance de vencer a disputa já no primeiro turno, mas com cenário incerto que só terá uma definição no final da votação. O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro ocupa o segundo lugar.

Em empate técnico com Ciro nas pesquisas, a candidata do MDB, Simone Tebet, reforçou o papel democrático das eleições após registrar seu voto em Campo Grande.

“Hoje a democracia se fortalece, é o povo na rua, legitimamente escolhendo aquele e aquela, que tem que ser os seus candidatos que vão representá-lo, não só como candidatos e futuros presidentes da República, mas também senadores, deputados federais, deputados estaduais e governadores”, afirmou.

A senadora também evitou falar em apoio no segundo turno e criticou a polarização. “Lamentavelmente nós vimos a polarização ideológica contaminar a alma do povo brasileiro. A nossa candidatura propôs exatamente fazer o caminho do meio, ou seja, com equilíbrio, com moderação, com diálogo, trazer propostas e soluções reais para os problemas reais do Brasil.”

 

(Por Tatiana Ramil, em São Paulo)

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