21/10/2021 - 9:00
São Paulo, 21 – Uma pesquisa desenvolvida pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) mostrou a eficiência do uso de drones para o controle químico do psilídeo, inseto transmissor do greening, doença das laranjeiras, sem cura. No estudo, as aplicações mostraram-se eficazes no controle de insetos adultos, alcançando mortalidade acima de 80%. O trabalho é pioneiro, pois não há registro do uso de drone para o controle químico do psilídeo na citricultura ocidental, e foi feito em parceria com a startup Anáhata Serviços Agronômicos, informa o Fundecitrus, em comunicado.
O objetivo é que o uso de drone seja uma ferramenta complementar para o manejo da doença dentro das propriedades de citros. Como não há cura, procura-se evitar a infecção de novas plantas por meio de uma série de medidas integradas que devem ser adotadas dentro e fora dos pomares comerciais, diz o fundo.
Dados do levantamento anual de greening realizado pelo Fundecitrus mostram que a doença alcança atualmente o nível mais alto de incidência desde sua identificação no País, em 2004: está presente em 22,37% das laranjeiras do cinturão citrícola, o que equivale a cerca de 43 milhões de árvores doentes.
O pesquisador do Fundecitrus, Marcelo Miranda, responsável pelo estudo, informou na nota que o drone é mais uma alternativa dentre as medidas recomendadas, aliando ciência e tecnologia. “O drone traz um tanque de pulverização acoplado a sua estrutura e pode complementar as pulverizações terrestres feitas com tratores e substituir os aviões em algumas situações, agregando novas possibilidades ao citricultor”, afirmou.
Segundo o Fundecitrus, o drone tem o diferencial de alcançar talhões de difícil acesso, faixas de borda (independente do sentido do plantio e relevo) e também se destaca em aplicações de emergência, que precisam ser feitas rapidamente – como após períodos de chuvas intensas, que removem os produtos e deixam as plantas desprotegidas, e em caso de pico populacional do psilídeo, que pode implicar dificuldades operacionais por exigir deslocamento rápido de equipamentos que estejam em uso para o manejo de outras pragas e doenças.
Além disso, o drone requer menor investimento e infraestrutura em relação a aviões, por não precisar de pista de pouso, beneficiando pequenos e médios citricultores, revela a pesquisa. E também favorece o meio ambiente, pois não há queima de combustível fóssil. A operação é totalmente automatizada e começa com a parametrização da área a ser tratada por georreferenciamento. Por meio de um aplicativo, são feitas todas as configurações necessárias, sem necessidade de controle manual do equipamento.
A pesquisa destaca que existem perspectivas do uso do drone também para o controle de outras pragas e doenças dos citros e para aplicação de produtos biológicos.