Por Tom Balmforth

KIEV (Reuters) – Organizações humanitárias trabalharam para retirar mais civis da devastada cidade portuária ucraniana de Mariupol nesta segunda-feira, mas centenas de pessoas permaneceram presas na siderúrgica de Azovstal, o último reduto de resistência ao cerco russo.

Um primeiro grupo retirado chegaria a uma cidade controlada pela Ucrânia a noroeste de Mariupol nesta segunda-feira. Mas as forças russas voltaram a bombardear a siderúrgica no domingo, assim que os ônibus deixaram o local, disse uma autoridade da cidade.

As pessoas ainda presas na siderúrgica estavam ficando sem água, comida e remédios enquanto as forças russas as cercavam no complexo industrial, cuja rede de bunkers e túneis forneceu abrigo após semanas de bombardeio russo.

“A situação se tornou um sinal de uma verdadeira catástrofe humanitária”, afirmou a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk.

Intensos bombardeios russos também atingiram cidades no leste da Ucrânia nesta segunda-feira, causando danos graves, disse um governador regional.

No front internacional, os ministros de Energia da União Europeia devem realizar negociações de emergência sobre a exigência de Moscou de que os compradores europeus paguem pelo gás russo em rublos ou enfrentem o corte do fornecimento.

Depois que a UE impôs pesadas sanções econômicas à Rússia em resposta à invasão da Ucrânia, a questão do fornecimento de energia russo colocou um dilema que ameaça romper a frente única.

A Alemanha e outros até agora têm resistido aos pedidos de uma interrupção abrupta das importações de combustíveis russos por medo de danos econômicos.

A Rússia interrompeu o fornecimento de gás para Bulgária e Polônia na semana passada depois que esses países se recusaram a atender sua demanda de pagar em rublos.

Diplomatas disseram que a UE está se aproximando de uma proibição das importações de petróleo russo até o final do ano.

OLHANDO PARA LESTE

Os militares russos agora estão se concentrando em destruir a resistência no sul e leste da Ucrânia após não conseguir capturar Kiev nas primeiras semanas da guerra, agora em seu terceiro mês.

Seus ataques arrasaram cidades, mataram milhares de civis e forçaram mais de 5 milhões a fugir do país. Mariupol, no Mar de Azov, tornou-se emblemática da brutalidade da guerra e do sofrimento das pessoas comuns.

As forças do presidente russo, Vladimir Putin, estão agora no controle de quase toda a cidade, ligando o território controlado pela Rússia ao oeste e leste.

Cerca de 100 civis retirados da siderúrgica Azovstal chegariam à cidade de Zaporizhzhia, 230 quilômetros a noroeste de Mariupol, nesta segunda-feira.

“Pela primeira vez, tivemos dois dias de cessar-fogo neste território e conseguimos retirar mais de 100 civis –mulheres, crianças”, disse o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, em um discurso noturno em vídeo.

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