13/03/2002 - 7:00
A chegada foi de mansinho, mas promete fazer muito barulho. Clear Channel, maior empresa de entretenimento ao vivo e mídia exterior do mundo, acaba de fincar seus dois pés no mercado brasileiro. Trata-se de um império que inclui 700 mil outdoors em 44 países, 1.376 estações de rádio e direitos para turnês internacionais de grandes astros pop como Maddona e U2, além de administrar a imagem de esportistas do porte de Michael Jordan e até mesmo do ilusionista David Copperfield. Pois esse conglomerado de US$ 8 bilhões com sede em Houston, Texas, nos EUA, está com planos de investir cerca de US$ 200 milhões no País nos próximos cinco anos. ?Nossa cultura é muito relevante para o Brasil e o Brasil é relevante para o resto do mundo?, afirma Leandro Stillitano, presidente da filial brasileira da Clear Channel Entertainment, divisão de entretenimento do grupo, que inaugurou escritório no Rio de Janeiro há cerca de um mês. O primeiro negócio foi firmado com a cervejaria Kaiser e consiste na realização, ao longo de 2002, de 20 shows de nove artistas. A abertura do Festival Kaiser Music ficará a cargo do baixista Roger Waters, ex-Pink Floyd, que está no País esta semana para apresentações no Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo. Nenhuma das partes revela as cifras envolvidas no projeto, mas sem dúvida ele irá consumir boa parte do orçamento de R$ 180 milhões que a cervejaria está reservando para ações de marketing este ano. ?Nossa presença ainda é pequena e queremos atuar em coordenação com as outras atividades do grupo no Brasil?, afirma Stillitano, cujo borderô de investimentos para os próximos cinco anos soma US$ 27 milhões.
Publicidade. Ao mesmo tempo em que prepara o palco para a entrada de sua divisão mais glamourosa ? o entretenimento ao vivo representa 28% dos negócios do grupo no mundo ?, a Clear Channel consolida sua presença no segmento de mídia externa, por meio da divisão Adshell. Está no Brasil desde 1999, quando venceu uma concorrência pública para instalar, manter e explorar a publicidade dos chamados mobiliários urbanos no Rio de Janeiro. São relógios, pontos de ônibus e quiosques cuja publicidade a empresa poderá explorar durante 20 anos. Até agora, US$ 20 milhões já foram investidos no projeto. Outros US$ 8 milhões devem ser desembolsados nos próximos dois anos. ?Esperamos retorno em cinco anos?, afirma Emílio Medina, presidente da Clear Channel Adshell do Brasil. E não vai ser pouco. Segundo o executivo, uma vez recuperado o investimento inicial, a empresa prevê um rendimento de US$ 12 milhões ao ano até o fim da concessão, em 2019.
A divisão Adshell, que no ano passado faturou R$ 37 milhões no Brasil, também está consolidando sua presença no mercado de mídia exterior nacional, com uma série de aquisições. No ano passado, foram investidos US$ 40 milhões na aquisição de duas grandes empresas de outdoor, a Klimes e a LC. Com as aquisições, a companhia é dona hoje de 4 mil outdoors no Estado de São Paulo e 34% do mercado. Segundo Medina, a matriz tem planos de investir US$ 150 milhões nos próximos cinco anos. ?Teremos novidades ainda no primeiro semestre?, revela. O investimento deverá ser
direcionado tanto para mobiliário urbano quanto para a aquisição de outras empresas de outdoor e de espaços publicitários em shopping centers e aeroportos.
Para a Clear Channel fincar seu terceiro e último pé no Brasil, só depende da mudança da legislação. Assim que for sancionada a lei que prevê a participação do capital estrangeiro em até 30% nas empresas de mídia, o grupo deve entrar com tudo nas ondas do rádio brasileiro. ?Vamos nos concentrar nas regiões Sul e Sudeste?, afirma Medina. Primeiro negócio da companhia, as 1.376 estações de rádio respondem por 45% do seu faturamento global.