Bons capitães nunca descuidam da regra número 1. No caso da gigante alemã Basf, ela se resume a ter os parceiros comerciais pautando todas as decisões da companhia. “As mudanças são constantes e as nossas adaptações, diárias”, afirmou à DINHEIRO o presidente da empresa para a América Latina, Manfredo Rübens. “E o cliente sempre estará no centro de tudo.” Numa leitura rasa, isso poderia ser interpretado como certo descuido em relação às demais agendas, normalmente agrupadas dentro do universo ESG. Nada mais impreciso. “Somos uma indústria de base, colaboramos para que outras indústrias alcancem resultados ainda mais sustentáveis.” Como o executivo gosta de dizer, “a longo prazo essas ações asseguram recursos, mercado e impacto socioambiental de maneira equilibrada”.

Pensar soluções de curto prazo dentro de uma visão de perenidade está na essência de uma companhia que tem 157 anos, 111 deles de Brasil. E dona de um vasto portfólio que vai de clientes industriais ao consumidor comum, de insumos para o agro e o setor químico até a nutrição humana ou cuidados com os bebês. São 90 mil clientes corporativos em mais de 90 países. O que demanda uma preocupação constante. “Nossos clientes enfrentam diversos desafios sociais e ambientais causados pelos limitados recursos naturais e crescentes demandas do mercado consumidor”, afirmou Rübens. Para ser resposta a dor deles, de todos os portes e segmentos, a companhia busca tornar a cadeia de inovação o mais simples possível e, assim, levar rapidamente soluções ao mercado. “Queremos lidar com essas circunstâncias para crescer com rentabilidade e criando valor para a sociedade.” Vale internamente, vale para a comunidade.

Esse compromisso tem um componente nuclear: gente. “Nossas pessoas são os pilares da nossa estratégia”, disse. Ele afirma que a gestão dos recursos humanos é tema transversal na organização. “Acreditamos que times diversos, operando em um ambiente inclusivo e em uma cultura de respeito, trazem interações de maior valor, geram inovação e soluções diferenciadas.” Programas assertivos são adotados há seis anos, voltados à diversidade de gênero, geracional, identidade sexual, racial, inclusão de refugiados e pessoas com deficiência. “Para abraçar todas as pessoas.”

Um compromisso que não está descolado do resultado financeiro. No ano passado, do total de receitas globais (78,6 bilhões de euros), 24,1 bilhões de euros vieram de soluções que contribuem para a sustentabilidade na cadeia de valor. Isso significa 30% do faturamento, e um aumento de 43,9% em relação a 2020. Nenhum produto é pensado que não seja pela óptica da sustentabilidade. “Todo o nosso portfólio é avaliado e classificado de acordo com seu impacto sustentável.” Hoje, globalmente cerca de um terço já cumpre essa premissa. A companhia, para ajudar também os clientes a fazerem parte do processo, desenvolveu uma base de dados para calcular a Pegada de Carbono dos Produtos (PCP) de mais de 45 mil itens e definiu como meta a redução das emissões de gases de efeito estufa em 25% até 2030, com a perspectiva de uma jornada rumo à neutralidade climática e emissões líquidas zero até 2050.

Rübens diz que na Basf tudo é feito em colaboração com os clientes, fornecedores, sociedade e governos. “Não fazemos nada sozinhos.” Assim como nunca descuidam do propósito da corporação: “Criamos química para um futuro sustentável.” Perguntado sobre que legado buscaria deixar, o executivo diz que gostaria de olhar para trás e ver três principais conquistas em sua gestão. “Ter contribuído para um crescimento sustentável dos negócios na América do Sul; ter contribuído para que a digitalização fosse fator determinante na competitividade da companhia; e ter contribuído para que a Basf na América do Sul tenha um ambiente de trabalho ainda mais diversificado e inclusivo.” Pode chamar também de responsabilidade social.