04/03/2021 - 17:47
“Eu me senti como uma criminosa pegando os produtos e colocando-os diretamente na minha bolsa”, disse à AFP Philippa Dolphin, uma das primeiras clientes do supermercado futurístico inaugurado nesta quinta-feira (4) pela Amazon em Londres, onde ninguém passa pelo caixa.
“Eu esperava que não funcionasse para que eu pudesse sair com uma garrafa de vinho grátis”, brinca esta britânica de 71 anos, rindo depois de sair da loja, apelidada de Amazon Fresh e localizada no shopping center Ealing Broadway na capital britânica.
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A gigante das vendas online abriu no local seu primeiro supermercado do gênero fora dos Estados Unidos, dando um novo passo em sua acirrada competição com as lojas tradicionais.
Como funciona: quando o cliente entra, ele escaneia um QR code do aplicativo em seu celular, então cada item retirado das prateleiras é automaticamente cobrado em sua conta graças a câmeras e sensores instalados na loja.
Quando sai, a compra é paga diretamente no aplicativo e um recibo é enviado por e-mail.
No dia da inauguração, curiosos atraídos pela novidade tecnológica formaram fila na entrada.
Uma equipe de colaboradores, vestida com jaquetas de um verde vibrante – a cor desta nova marca – e equipada com tablets, explicava o funcionamento do sistema e surpreendia os consumidores.
“É a primeira loja presencial no Reino Unido que permite comprar e sair diretamente”, explicou a Amazon em um comunicado.
“É também a primeira loja física da Amazon fora dos Estados Unidos”, informou.
– Superar o comércio tradicional –
Benjamin Rogers, de 31 anos, demorou entre 5 e 7 minutos para comprar os ingredientes de que precisava para fazer um bolo, metade do tempo que costuma demorar, pois costuma ficar “entre 5 e 15 minutos na fila”.
Para ele, a rapidez, a praticidade e o toque futurista podem ser bons atrativos, para além dos supermercados, de “lojas tradicionais que terão de encontrar novas formas de conquistar clientes” habituados a comprar de casa durante os longos e repetidos confinamentos devido à covid-19.
Mas reconhece que com a nova tecnologia, a Amazon pode ofuscar ainda mais os negócios tradicionais, cuja crise se agravou durante a pandemia, causando dezenas de milhares de demissões no Reino Unido.
Dolphin, que afirma não comprar muito da empresa on-line, também acredita que a nova ofensiva comercial “levará outras empresas à falência, porque [a Amazon] é um gigante”.
A varejista americana do comércio on-line, já em ascensão no Reino Unido antes da pandemia, compete cada vez mais ferozmente com um setor de varejo em dificuldades, e viu sua posição fortalecida pelo coronavírus, que fez com que as lojas fechassem por meses.
Erica Ely, de 57 anos, disse que “gostou da novidade”. “Nada acontece em Ealing”, um bairro popular do oeste de Londres, explica, garantindo que achou a operação “fácil” e apreciou a seção de confeitaria.
A loja oferece “uma ampla seleção de novos produtos com o selo ‘by Amazon'”, que incluem carnes, peixes, frutas e verduras, padaria, pratos prontos e básicos, destaca o grupo, que espera abrir outras lojas nas proximidades.
O sistema é “semelhante ao das 20 lojas Amazon Go nos Estados Unidos, mas vai operar sob a marca Fresh, que já é usada para compras on-line no Reino Unido”.
“Os consumidores britânicos desejam uma experiência de compra confortável e acreditamos que eles apreciarão poder ir e vir com as compras que precisam”, disse Matt Birch, chefe da Amazon Fresh.