05/02/2021 - 3:47
Um estudo realizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e publicado na revista científica ‘Toxicology and Applied Pharmacology’ mostrou que a cloroquina causa disfunção nas células endoteliais, presentes nos vasos sanguíneos, o que prejudica a circulação sanguínea e órgãos como coração e pulmões.
“A conclusão é de que o efeito colateral agrava uma das principais causas de mortalidade da doença provocada pelo novo coronavírus, anulando potenciais benefícios”, concluíram os pesquisadores.
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No estudo, em que foram usadas quantidades semelhantes às absorvidas pelo corpo humano, a cloroquina induziu ao funcionamento incorreto e até à morte da célula, o que pode afetar a circulação sanguínea, e consequentemente, órgãos como coração, rins e pulmões.
Para chegar a essa comprovação, o pesquisador trabalhou com linhagens de células endoteliais humanas extraídas de vasos sanguíneos, que foram cultivadas na presença de cloroquina, em concentrações incapazes de causar a sua morte celular, por até 72 horas.
“Observou-se que, durante esse período, a célula induziu significativamente a cumulação de organelas ácidas, aumentou os níveis de radicais livres e diminuiu a produção de óxido nítrico, levando ao stresse oxidativo e dano celular. Este processo, chamado de disfunção endotelial, pode resultar no funcionamento incorreto ou até na morte da célula”, frisou a UFPR em comunicado.
Embora haja diminuição da replicação viral ‘in vitro’, o uso da substância apresenta reações adversas: “Se por um lado, a cloroquina pode diminuir a replicação viral, por outro promove uma citotoxicidade que pode potencializar a infeção viral”, sublinhou o autor do estudo.
A cloroquina é utilizada há muitos anos para o tratamento de malária e doenças autoimunes, como a lúpus. Apesar de não haver nenhum comprovação científica de que a covid-19 pode ser tratada precocemente com cloroquina e hidroxicloroquina, desde o início da pandemia que o Presidente Jair Bolsonaro tem defendido o uso do fármaco para esse fim e levou os laboratórios do Exército brasileiro a fabricarem milhões de unidades num curto espaço de tempo.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (227.563 , em mais de 9,3 milhões de casos), depois dos Estados Unidos.