O clube de futebol inglês Manchester United, depois de sete anos longe do mercado acionário, reabriu seu capital em 2012 nos Estados Unidos. Neste ano, o Borussia Dortmund, vice-campeão alemão e europeu na última temporada, pagou dividendos pela primeira vez em sua história desde o seu IPO, em 1991. O Arsenal, também da Inglaterra, e o italiano Juventus, entre outros clubes, também têm ações listadas em bolsas. Isso poderia acontecer com algum time do Brasil?

 

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Os clubes de futebol do Brasil estão longe da tradição de apertar o botão do início do pregão da bolsa

 

Seja para construir estádios, contrair dívidas mais baratas para investimentos ou conseguir um volume de dinheiro de forma rápida, associações esportivas se arriscam nas bolsas de valores. Os resultados, no entanto, não costumam ser tão satisfatórios para os acionistas. ?Mesmo que o clube tenha um modelo sustentável, o desempenho em campo ainda é preponderante para o resultado financeiro?, diz o analista esportivo Amir Somoggi. ?Não é um jogo de azar, mas tem características de um.?

 

Se lá fora o modelo ainda não está muito consolidado, no Brasil é ainda mais difícil essa moda pegar. A ideia não é nova no País e, segundo fontes do setor, o presidente da BMF&Bovespa, Edemir Pinto, cogitou levar clubes de futebol à Bolsa de Valores de São Paulo em 2012. A campineira Ponte Preta, com seus 113 anos de existência, era uma das cotadas. A possibilidade, no entanto, foi descartada. ?Nenhum time tem governança e capacidade financeira para abrir capital?, disse o presidente da Bovespa na ocasião.

 

 

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Segundo especialistas, o Corinthians é o time com mais chances de abrir capital na Bovespa

 

Gestões amadoras e endividamentos que só crescem são os fatores principais para que os clubes não sejam estimulados a abrirem capital. ?Um acionista não vai investir apenas por paixão, ele vai querer retorno financeiro no futuro?, afirma Samy Dana, professor de finanças da FGV. A falta de profissionalismo vista nas direções das grandes entidades brasileiras acaba com o potencial que o futebol tem no País, segundo Dana. ?Todos os clubes têm apelo, mas não sabem dar valor a própria marca?, diz.

 

Caso os clubes mudassem de postura, IPO?s seriam bem vindos e agregariam muito à cultura esportiva brasileira, de acordo com o professor de negócios da Fundação Dom Cabral, Paulo Vicente Alves. ?As equipes seriam forçadas a serem mais transparentes e também responsáveis com os gastos?, afirma Alves. Com gestões mais profissionais, os times poderiam potencializar a captação com a paixão de seus torcedores. ?As pessoas vendem o carro e casa para acompanhar o time, imagina o que fariam para ter um ?pedaço? do clube?, diz Dana, da FGV.

 

De acordo com os especialistas ouvidos pela DINHEIRO, o Corinthians seria a equipe mais próxima de um possível IPO. Sua recuperação após o rebaixamento para a segunda divisão em 2007, somado ao trabalho do marketing a partir da contratação de Ronaldo e ao tamanho de sua torcida, dão potencial para uma abertura de capital em um período de médio e no longo prazo. O atual campeão mundial, no entanto, ainda não pensa na possibilidade. ?Não vejo no Brasil algum clube com condições de estar na bolsa?, afirma Raul Corrêa, vice-presidente financeiro do Corinthians. ?Mas as coisas mudam muito rápido, então algo pode acontecer no futuro”, diz.

 

Colaborou: Fernando Teixeira

 

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