A Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) anunciou na quinta-feira, 16, que acionou a Polícia Federal para abrir uma investigação contra membros do grupo de “coaches de namoro” Millionaire Social Circle, Os homens são acusados de filmar e fotografar mulheres sem permissão durante uma festa privada em São Paulo e usar as imagens para anunciar “cursos de relacionamento”.

Em nota, a Embratur disse se solidarizar com as vítimas e afirmou que o presidente da agência, Marcelo Freixo, vai se reunir com a Polícia Federal na próxima segunda-feira, 20, para tratar do tema.

“Não são bem-vindas em nosso país pessoas que desejam praticar crimes. O turismo para fins de exploração sexual fere nossas leis e quem o pratica será submetido à devida investigação, julgamento e punição”, diz o comunicado da Embratur.

Na última quarta, a Polícia Civil de São Paulo também abriu uma investigação para apurar denúncia feita por uma das mulheres presentes no evento, realizado em uma mansão do Morumbi, na zona sul da capital. A vítima, de 27 anos, disse que foi convidada para a festa por um homem ainda não identificado que conheceu em um aplicativo de relacionamento.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, a ocorrência foi registrada como “favorecimento de prostituição ou outra forma de exploração sexual e agenciar, aliciar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher exploração sexual”.

Na mesma nota, a Embratur acusa o governo de Jair Bolsonaro de ter dado “infelizes declarações” e interrompido “décadas de políticas intersetoriais para combater o turismo para fins de exploração sexual”, estimulando este tipo de crime.

Ainda em 2019, o então recém-eleito Bolsonaro disse que o Brasil não poderia ser “um país do mundo gay, de turismo gay”. Em seguida, ele afirmou: “Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”.

‘Mestre da pegação’ e ‘Playboy internacional’

Em seu site oficial, o Millionaire Social Circle vende cursos que variam de aproximadamente R$ 21 mil a R$ 264 mil, durante o qual seus tutores ensinam a “experienciar a vida, o namoro e conhecer mulheres” com base nas “experiências combinadas de 50 mil mulheres de 40 países diferentes”.

O MSC promete ensinar “a confiança necessária” para “falar com mulheres em qualquer lugar, a qualquer momento”, “converter encontros para o quarto no mesmo dia” e também “se aproximar de homens bem sucedidos em todo o mundo”.

O programa é liderado pelos autodenominados “mestres da arte de namorar” Mike Pickupalpha e David Bond, ambos nomes fictícios. Eles afirmam viver nos Estados Unidos e se definem, respectivamente, como “coach de namoro” e “playboy internacional”. Juntos, eles já levaram os “alunos” para aprenderem a ficar com mulheres de países como Colômbia, Chile, Costa Rica e Filipinas. O próximo destino do grupo é a Tailândia.

O grupo fez uma excursão a São Paulo entre os dias 14 e 28 de fevereiro. A escolha pelo Brasil foi justificada porque o país teria “mulheres exóticas” e baladas “que oferecem as mulheres mais bonitas” da capital paulista.

Após a repercussão do caso, os fundadores do MSC têm justificado em suas redes sociais que todas as pessoas na festa eram “maiores de idade” e disse que as reclamações são feitas por “feministas com raiva”.