Os metais básicos recuaram para mínimas em vários anos em Londres, com a maior desvalorização da moeda chinesa levando investidores a evitar riscos e a vender commodities. Metais da indústria como o cobre, o alumínio e o níquel caíram à mínima em seis anos, enquanto o zinco teve queda para perto da mínima em quatro anos. Já em Nova York, a desvalorização do dólar fazia o cobre reagir.

As quedas em Londres ocorrem no segundo dia seguido de desvalorização forte do yuan, após ação do Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) na taxa de referência, diante da desaceleração econômica chinesa. Na segunda-feira, a desvalorização da moeda foi a maior desde 1994, levando a uma série de baixas entre commodities.

A desvalorização do yuan ante o dólar aumenta o preço em yuan dos metais, já que estes são cotados em dólar e assim se tornam mais caros para os detentores de outras moedas quando a moeda norte-americana se valoriza. Como a China é o maior consumidor global de metais básicos, o mercado antecipou uma queda na demanda. Entre 40% e 45% da demanda por metais vem da China, segundo o ABN Amro.

O diretor de pesquisa da Fastmarkets, William Adams, apontou para a mudança cambial na China e para a fuga do risco como motivos para que os preços dos metais básicos continuem com viés de baixa, com os compradores à espera de um cenário melhor.

Por volta das 9h (de Brasília), o contrato do cobre para três meses caía 0,1% na LME, a US$ 5.122 a tonelada, após atingir mais cedo a mínima em seis anos, a US$ 5.062 a tonelada. O alumínio caía 0,3%, a US$ 1.581,50 a tonelada, após atingir a mínima em seis meses, a US$ 1.553 a tonelada. Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o cobre para setembro subia 0,69%, a US$ 2,3475 a libra-peso, às 9h27. O dólar mais fraco torna o metal mais barato para os detentores de outras moedas.

Além da desvalorização do yuan, pressiona o mercado de metais o estado da economia chinesa, após uma série de dados desapontadores. As exportações chinesas caíram 8,3% em julho, na comparação com igual mês do ano passado. Uma desaceleração nos setores industrial e de construção prejudicaria a demanda pelos metais.

A medida do BC chinês “deve encorajar os produtores chineses a produzir mais metal e os consumidores do país a consumir menos”, disse a Macquarie em nota. “Isso significa que a China precisa importar menos metal, o que deve reduzir o ‘preço global’, leia-se, o preço em dólar.”

Ainda assim, alguns analistas e investidores acreditam que os metais passam por baixas excessivas e podem reagir. O gerente de fundos David Donara, da Columbia Threadneedle Investments, disse não ver mais muito espaço para baixas. “Porém, será volátil e a cada nova mínima os participantes do mercado ficarão bastante sensíveis.”

Na avaliação do estrategista Koen Straetmans, da NN Investment Partners, como há muito pessimismo, o mercado pode de repente se mostrar mais entusiasmado diante de alguma nova notícia. O Commerzbank disse que mesmo com a desvalorização do yuan os metais básicos permanecem baratos, com os preços das commodities tendo caído “significativamente”.

Entre outros metais básicos, o chumbo caía 0,1%, a US$ 1.719,50 a tonelada, e o estanho tinha queda de 1,3%, para US$ 15.100 a tonelada, por volta das 9h na LME. Fonte: Dow Jones Newswires.