08/11/2025 - 12:00
Apesar de um passado considerado glorioso – tanto para as empresas educacionais quanto para alunos que foram incluídos no sistema de ensino superior – o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) ‘perdeu muita força’ e tem uma relevância significativamente menor nos dias atuais, segundo o CEO da Cogna, Roberto Valério.
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Ao Dinheiro Entrevista, ele detalha que mesmo com o Fies Social, anunciado pelo Governo Federal em meados de 2024, o programa não tracionou.
“O FIES foi muito importante para nós, especialmente lá em meados de 2013, quando a gente tinha uma parte relevante dos nossos alunos de cursos presenciais com essa linha de financiamento, mas hoje é um programa muito pequeno. Então, na graduação temos 1,2 milhão de alunos e, destes, menos de 5 mil alunos têm o FIES”, relata.
O executivo ainda sinaliza que ‘boa parte’ destes 5 mil alunos são graduandos em medicina, dado que se trata de uma faculdade com ticket mais alto e que ‘muitas vezes as famílias não conseguem custear’.
“Como ferramenta de inclusão dos alunos que não possuem renda, o FIES perdeu muita força. Teoricamente são 200 vagas anuais, mas o governo não consegue preencher essas 200 vagas porque as condições agora são muito restritivas.”
Entre 2010 e 2015 o programa foi um dos principais instrumentos de política para ampliar o acesso ao ensino superior no Brasil.
Em 2014, por exemplo, um levantamento do IPEA mostrou que havia cerca de 1.900.737 contratos ativos do FIES, e que as matrículas em cursos de graduação presenciais nas IES privadas eram 4.664.542.
Daí decorre uma proporção de aproximadamente 41% dos matriculados em Instituições de Ensino privadas com financiamento do programa
Um relatório do governo (Boletim de Avaliação de Políticas Públicas, Junho 2017, pelo Ministério da Fazenda) mostra que entre 2009-2015, o número de matrículas com uso do FIES em IES privadas passou (segundo o relatório) de cerca de 5% para cerca de 39%
Os valores desembolsados pelo governo para o programa também multiplicaram – de 2010 até 2014 os custos do programa cresceram 13 vezes, saltando de R$ 1,1 bilhão para R$ 13,4 bilhões, em valores corrigidos.
Entenda o FIES Social
Lançado em fevereiro de 2024 pelo Ministério da Educação (MEC), o FIES Social permite que estudantes com renda familiar per capita de meio salário mínimo inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) consigam financiar até 100% dos encargos educacionais.
O cadastro em questão é responsável por caracterizar as famílias de baixa renda no Brasil, contemplando programas como o Bolsa Família.
Em 2024, pela primeira vez, o programa do Governo Federal também reservou vagas para candidatos autodeclarados pretos, pardos, indígenas e quilombolas, assim como para pessoas com deficiência (PCDs).
Na edição de lançamento do programa, para o segundo semestre de 2025 do Fies, foram ofertadas 74.500 vagas em 18.419 cursos/turnos de 1.215 instituições particulares de ensino superior.
Regras do FIES
O Fundo de Financiamento Estudantil permite que os beneficiados do programa estudem primeiro e paguem sua graduação depois de formados.
O financiamento é sem taxa de juros para todos os estudantes e não demanda fiador caso a renda familiar seja de até 1,5 salário mínimo por pessoa.
Para se beneficiar do programa é necessário:
- Média das notas do ENEM igual ou superior a 450 pontos
- Nota da redação maior do que zero
- Renda familiar de até 3 salários mínimos por pessoa
- Não ter participado do ENEM na condição de treineiro
