Por trás de modelos da Mercedes-Benz, BMW, Audi e por aí vai, Carlo Collet, 60, atendeu a reportagem da IstoÉ Dinheiro no showroom da Collet Blindagens, na Vila Nova Conceição, bairro de luxo da capital paulista.

O ambiente receptivo e ao mesmo tempo inspirador para os amantes das quatro rodas exibe fotos e troféus de Carlo, bem como de seu filho Caio, atualmente na Fórmula 3.

Mas a inspiração do filho veio do pai, que iniciou no kart aos 14 anos de idade. Com 18 anos tirou a CNH e logo foi para o rali.

“Sempre gostei de carro, sempre corri de carro. Fazia mais rali. Ao todo, foram 13 Rally dos Sertões, ganhei sete. Me divertia bastante.”

Empresário

O hobby também é seu ganha pão. O empresário Carlo começou importando carros, após a abertura de mercado, ocorrida no governo de Fernando Collor. Depois, resolveu focar no mercado de blindagem, isso em 1996.

Ele montou uma blindadora na qual tocou por dez anos. Ampliou o negócio, incorporou mais sócios e montou a BSS, onde ficou mais dez anos. No entanto, resolveu vender sua participação e desenvolver a sua atual empresa, que leva seu nome, a Collet Blindagens.

“A ideia é pegar um nicho menor. Ter um produto diferenciado, com uma qualidade e atendimento melhor para o cliente”

Enquanto a BSS blindava 150 carros por mês, na Collet são 30 veículos que passam por esse procedimento no mesmo período. Carlo afirma que, com isso, é possível ter um acompanhamento melhor do produto. A Collet demora cerca de 30 dias para realizar o serviço.

Collet Blindagens

Com uma fábrica em Cotia, o foco é atender a carros de luxo, mas o empresário ressalta que acaba fazendo todos os modelos de seus clientes. Desta maneira, englobam clássicos e autos do dia a dia. Hoje, a maior parte dos carros blindados pela Collet são elétricos.

“Você tem o problema de uma energia estática que o elétrico cria. Então você tem que tomar cuidado para não agregar materiais que não consomem a energia elétrica do carro”.

Mercado de blindados

O empresário diz que hoje um carro de luxo vende mais facilmente se for blindado do que o não blindado.

“Acima de R$ 300 mil você dificilmente não consegue vender se não for blindado. Tenho aqui muitos carros 2021, 2022, que eu pego na troca e blindo para poder vender.”

Collet Blindagens – Crédito: Mauro Balhessa/IstoÉ

Serviço de qualidade

Para Carlo, o problema no Brasil é que não há um órgão que vise a parte de segurança do carro contra acidentes.

“Nós colocamos um aço dentro do vidro para que o para-brisa não tenha risco de ir para dentro do carro. No caso de um acidente mais grave que tenha uma deformação na carroceria do carro, isso vai fazer com que o vidro saia para fora. São várias preocupações que não existem.”

Para ele é um produto mais caro e o mercado muitas vezes não enxerga isso. O problema é que o cliente de blindagem gosta de pagar “aquilo que ele está vendo”. Outro detalhe é sobre o peso. Por exemplo, um carro desenhado para levar 800 kg de carga, ou seja, cinco passageiros mais 300 kg de bagagem, pode agregar 200 kg após a blindagem.

“É importante ressaltar ao motorista que ele não leva mais 800 kg. Ele pode levar agora 600 kg. Tem blindadora que coloca até 400 kg a mais no carro porque é bem mais barato.”

Collet Blindagens – Crédito: Divulgação

Uma blindagem pesada afeta também na estabilidade, consumo, suspensão, frenagem, pneu. “É outro carro”, explica.

“Se for para ter um produto ruim (blindar de qualquer jeito) é melhor não blindar porque é mais fácil você ter um acidente do que tomar um tiro”.

Collet Blindagens – Crédito: Divulgação

Há também produtos mais leves que podem deixar o serviço até 20% mais caro, mas que afetam menos o veículo e protegem de forma balística da mesma forma.

“É difícil para o cliente fazer essa conta, mas em alguns anos o desgaste do carro é menor e você recupera financeiramente.”

Collet Blindagens – Crédito: Divulgação