18/05/2020 - 14:55
Um colono israelense foi condenado nesta segunda-feira (18) por um tribunal de seu país pelo assassinato de um bebê palestino e seus pais durante um incêndio criminoso na residência deles, na Cisjordânia, em 2015.
O tribunal de Lod (centro) também considerou Amiram Ben-Uliel culpado de tentativa de assassinato, incêndio criminoso e conspiração para cometer um crime racista.
+ Composição do governo de unidade de Israel
Em julho de 2015, Ali Dawabcheh, um bebê de 18 meses, morreu queimado enquanto dormia e seus pais, Saad e Riham, faleceram algumas semanas depois em decorrência das queimaduras depois que dispositivos incendiários foram lançados na casa da família em Duma, entre Nablus e Ramallah, na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967. Somente o irmão de Ali, Ahmed, de 4 anos de idade na época, sobreviveu à tragédia.
“Durante o interrogatório, o suspeito admitiu ter cometido o ataque, deu detalhes e reconstituiu o que aconteceu naquela noite”, informou a promotoria.
O crime gerou indignação nos Territórios Palestinos, em Israel e entre a comunidade internacional. Hoje, quando o avô Husein Dawabsha disse a Ahmed que uma pessoa havia sido condenada, o menino exclamou: “Só uma?!”
“Estamos convencidos de que o incêndio foi orquestrado por mais de uma pessoa”, afirmou Naser Dawabsha, tio de Ahmed, à AFP, após o anúncio do veredito. “Agora, temos medo de ser alvo da vingança de outras pessoas que incendiaram a casa.”
Para Husein Dawabsha, não há motivo para alegria. “De toda forma, somos incapazes de comemorar qualquer coisa, não há mais alegria em nosso lar”, disse à AFP em sua residência, localizada em Duma. A família assinalou que espera “uma sentença severa” para Ben-Uliel.
– “Ato de vingança” –
“O tribunal encontrou provas ques sustentam sua confissão. Trata-se de um ataque de carpater racista cometido como um ato de vingança pela morte de Malachi Rosenfeld”, um judeu morto pelos palestinos em junho de 2o tribunal tenha reconhecido a culpa de Amiram Ben Uliel na morte da família Dawabsha, não considerou as acusações de envolvimento em uma organização terrorista. Também não definiu uma data para anunciar a sentença, que pode ser de prisão perpétua.
Nesta segunda-feira, Amiram Ben Uliel, de camisa branca e máscara de proteção, compareceu ao tribunal de Lod, cercado por agentes de segurança.
O condenado não quis testemunhar no julgamento e foi condenado com base em sua confissão dos fatos durante um interrogatório no momento de sua prisão.
A organização israelense Honenu, que presta assistência jurídica à defesa dos condenados, indicou que recorrerá da decisão na Suprema Corte do país.
Na última década, a colonização na Cisjordânia acelerou, alimentada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Atualmente, mais de 450.000 pessoas (um aumento de 50% em 10 anos) vivem nessas colônias.
A questão está mais atual do que nunca com o novo governo de união em Israel, que deve anunciar a partir de 1º de julho sua estratégia para a implementação de um projeto americano que prevê que Israel anexe essas colônias na Cisjordânia.