19/06/2019 - 14:23
Dois dias após a indicação do engenheiro Gustavo Montezano para assumir a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), servidores da instituição lotaram o auditório de sua sede, no Rio, para protestar contra a retirada da destinação dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) como fonte de financiamento. Quatro ex-presidentes do banco, nos governos Fernando Henrique Cardoso (Pio Borges), Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (Luciano Coutinho) e Michel Temer (Paulo Rabello de Castro e Dyogo Oliveira), participaram do evento.
A ideia de mudar a destinação do FAT está no relatório da proposta de emenda constitucional (PEC) da reforma da Previdência na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, elaborado pelo relator Samuel Moreira (PSDB-SP), que quer direcionar os recursos para pagar pensões e aposentadorias.
“Estamos aqui para mostrar que essa foi uma má ideia”, afirmou, em discurso, Arthur Koblitz, vice-presidente da AFBNDES, associação que representa os funcionários do banco, que organiza o ato.
Segundo dados apresentados por Koblitz, embora, nas contas apresentadas no relatório de Moreira, a mudança leve cerca de R$ 200 bilhões a mais em receita para a Previdência ao longo de dez anos, inviabilizaria R$ 410 bilhões em investimentos no mesmo período.
Ainda nos cálculos da AFBNDES, sem esses investimentos, 8 milhões de empregos deixariam de ser gerados.
A mudança também significaria elevar despesas em custeio (na Previdência) em detrimento de gastos com investimentos, de acordo com Koblitz. Outro problema é que a proposta de Moreira não oferece alternativas de financiamento ao BNDES.
“Não temos no mercado fontes adequadas com o perfil de operações de longo prazo”, afirmou Koblitz, lembrando que, dos ponto de vista das finanças públicas, a mudança no FAT só muda a alocação de receita já existente. “No caso do BNDES é mais grave, porque os recursos não vêm para o banco para gasto corrente, vêm para investimentos. Investimentos geram efeitos multiplicadores na economia”, completou o vice-presidente da AFBNDES.