22/10/2018 - 9:00
Com o avanço e consolidação das fintechs no mercado brasileiro, bancos investem para dar mais comodidade e segurança aos clientes. Uso da inteligência virtual, computação cognitiva, sistema de blockchain e atendimento móvel são algumas das áreas mais exploradas pelas instituições financeiras.
O investimento em TI pelos bancos saltou 15% entre 2016 e 2018, representando um aporte de R$ 20 bilhões, segundo um levantamento da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). O emprego em software somou 50% dos investimentos em tecnologia. Já o segmento de hardware consumiu 32%, e telecom, 18%.
O aporte de recursos no setor se equipara ao mesmo do governo, tradicionalmente o segmento do mercado que mais investe em tecnologia, de acordo com Gustavo Fosse, diretor setorial de Tecnologia e Automação Bancária da entidade.
“Os investimentos em TI têm sido uma das prioridades para as instituições financeiras, com o foco sempre na melhoria da experiência para os clientes com as soluções e os produtos bancários”, afirma.
O investimento em soluções tecnológicas é uma maneira de “imitar” o atendimento móvel e descomplicado empregado pelas fintechs, acredita Ricardo Rocha, professor de Finanças do Insper.
Para o especialista, a concentração da população em grandes centros urbanos e o ritmo de vida cada vez mais acelerado forçam as empresas a oferecer métodos e sistemas que se adaptem ao novo cotidiano dos clientes.
“O negócio bancário em si é mais tradicional. Mas o mundo está mudando com uma velocidade muito grande, e as fintechs representam um dos vetores dessa mudança”, diz. “Os bancos acabam observando esse modelo de negócio e aprendem. É um ganho coletivo, tanto para o sistema quanto para os correntistas.”
Comodidade e segurança
Os avanços no sistema não se limitam apenas na comodidade dos usuários. Assim como em outros setores, o emprego da tecnologia reflete na diminuição de custos, mais eficiência e maior segurança às transações.
“Investir em tecnologia não é necessariamente não contratar mais pessoas”, ressalta Rocha. “É possível reordenar o trabalho dessas pessoas em áreas onde elas são mais relevantes para as negociações do que deixá-las em um trabalho que as plataformas digitais podem fazer”, complementa.
Segundo ele, a vanguarda tecnológica é uma das principais características do sistema bancário brasileiro. A atenção do setor em relação a importância da modernização iniciou na década de 1980, com a instalação dos primeiros caixas eletrônicos, e desde então vem crescendo cada vez mais.
“Não é um sistema só para os clientes, mas para os órgãos reguladores também. Todo o sistema financeiro nacional está servido de ferramentas tecnológicas para acompanhar o que os bancos fazem”, explica o professor do Insper.
Melhores experiências
O Bradesco é um dos expoentes nacionais no emprego da tecnologia. No último ano, a instituição investiu R$ 6 bilhões na manutenção e evolução do sistema. Atualmente o banco mantém mais de 250 serviços através das plataformas digitais, como a abertura de contas, pagamento com leitor de código de barras e sistemas para gestão de empresas.
O banco também investe em outras frentes tecnológicas, como o Bradesco Inteligência Artificial (BIA), que se relaciona com o usuário em linguagem natural, respondendo perguntas sobre produtos e serviços. No último semestre, foram mais de 33 milhões de interações.
“O banco investe em soluções que ampliam a experiência positiva, focada na facilidade e comodidade, e que criam condições para que todos os clientes, indistintamente e de forma intuitiva, se conectem ao banco por esses meios”, afirma a instituição por meio de nota.
Os investimentos são comprovados através dos números de usuários. Entre janeiro e setembro deste ano, os canais digitais do banco somaram 96% do total de transações, com um acréscimo de 17% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Atendimento mais atraente
A gestão do Banco do Brasil prioriza os investimentos no processamento interno. Segundo Márcio Motta, gerente executivo na diretoria de tecnologia, o aporte torna o sistema mais simples e eficiente, refletindo em benefícios aos clientes e usuários.
“Podemos dizer que hoje TI é o negócio das instituições financeiras, sendo essencial para manter o atendimento atraente, não apenas para as novas gerações”, ressalta.
O BB projeta uma escalada nos investimentos no setor. Em 2019, a previsão é de R$ 3,86 bilhões; para 2020, R$ 4,08 bilhões e em 2021 um investimento de R$ 4,33 bilhões.
“Os segmentos que receberão atenção especial nos próximos anos são inteligência artificial e computação cognitiva, atendimento digital, soluções de open banking e de mobilidade”, afirma Motta.