29/11/2022 - 15:56
BENGALURU, Índia (Reuters) – O mercado de fan tokens, uma mistura volátil de criptomoedas com esporte, está esquentando no deserto do Catar. O interesse nesse nicho de criptomoedas, normalmente vinculado a times esportivos, aumentou com a Copa do Mundo.
Os volumes médios diários de negociação para esses tokens aumentaram para cerca de 300 milhões de dólares em novembro, de 32 milhões no mês anterior, de acordo com a Kaiko, uma empresa de dados com sede em Paris.
+ Queda de helicóptero eleva para três as mortes misteriosas de chefões de criptomoedas
“Portanto, temos um aumento de 10 vezes no volume, o que é enorme para esses tokens”, disse o analista Dessislava Aubert.
Para alguns compradores, esses tokens oferecem a chance de se envolver e obter vantagens, como a possibilidade de ganhar prêmios e votar nas músicas tocadas nas partidas. Para outros, as moedas negociáveis oferecem uma nova oportunidade de investimento.
Mas quem negocia estes ativos precisa de coração de atleta para suportar as oscilações enquanto tenta adivinhar qualquer ligação sensata entre os preços erráticos das moedas e os eventos do mundo real.
O token de Lionel Messi, por exemplo, despencou 25%, para 5,26 dólares, após a surpreendente derrota da Argentina para a Arábia Saudita na estreia na Copa do Mundo. Ele caiu ainda mais, 22%, apesar da vitória do time sobre o México.
A moeda de Cristiano Ronaldo subiu 119%, para 7 dólares, nos 10 dias que antecederam o torneio, mas depois perdeu quase metade de seu valor, mesmo com Portugal estando invicto e liderando seu grupo na Copa.
Da mesma forma no futebol de clubes, o token do Arsenal caiu 12,5% desde o início da temporada, para 1,68 dólar, apesar da brilhante campanha até o topo da Premier League.
O mal-estar mais amplo do mercado das criptomoedas é parcialmente responsável pelas quedas nos preços, de acordo com pesquisadores que disseram que os ativos instáveis estão murchando à medida que os investidores evitam o risco.
O valor de mercado geral das “fan tokens” saltou para 401 milhões de dólares no fim de semana de abertura da Copa do Mundo, de 256 milhões cerca de 10 dias antes, de acordo com dados da CoinGecko, mas desde então ele caiu para menos de 300 milhões.
Siddharth Jaiswal, presidente da Sportzchain, que emite tokens principalmente para o mercado asiático, disse que as pessoas não devem comprar as moedas apenas para ganhar dinheiro.
“A primeira percepção nunca deve ser a de que você está comprando um fan token para geração de lucro.”
“A cereja do bolo é que é uma ferramenta disponível na blockchain que pode ser facilmente negociada no futuro, então há uma conotação financeira ligada a ela”, acrescentou.
A Socios, promovida por Messi, é a maior empresa nessa fatia da indústria de criptomoedas. A companhia facilita a negociação da maioria das moedas de fãs e descreve a compra desses tokens como adesão a um esquema de fidelidade com benefícios e prêmios exclusivos.
Alguns dos maiores clubes de futebol do mundo lançaram tokens apoiados pela Socios, incluindo Paris Saint-Germain, Manchester City, Inter de Milão e Atlético de Madrid, bem como as seleções portuguesa e argentina, com valores de mercado de tokens variando de cerca de 7 milhões a 21 milhões de dólares.
O volume de negociação do token Chilliz, vinculado à Socios e que os usuários compram para negociar com os tokens de seus times, atingiu o maior patamar em sete meses no início de novembro antes da Copa do Mundo, mas desde então recuou 40%.
O surto de crescimento nos fan tokens ocorre em um momento de tumulto no mercado de criptomoedas, que está sofrendo com o colapso da corretora FTX no início deste mês. O bitcoin está perto de valores mínimos em dois anos, em torno de 16.245 dólares.
Markus Thielen, chefe de pesquisa da plataforma de ativos digitais Matrixport, disse que o interesse nesses tokens entre os torcedores de futebol pode durar pouco.
“Empresas e times que estão vendendo esses tokens terão que oferecer mais valor em intervalos regulares, caso contrário, os usuários perderão o interesse rapidamente após a Copa do Mundo.”
Por Medha Singh e Lisa Pauline Mattackal