14/05/2021 - 7:07
“É muito difícil”, suspira Polina Minkova. A poucos dias da reabertura de sua área interna, esta gerente de um restaurante londrino com uma clientela impaciente para voltar após o desconfinamento, tem dificuldade em contratar pessoal qualificado.
A segunda-feira será um dia de celebração para bares e restaurantes da Inglaterra, onde atualmente apenas as áreas externas estão abertas. Poderão voltar a receber os clientes na parte interna, com até seis pessoas, ou no máximo duas famílias por mesa.
Também reabrirão cinemas, museus, hotéis e estádios esportivos.
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Este novo e importante passo no levantamento das restrições foi possível graças ao forte retrocesso da covid-19, após um longo terceiro confinamento, e a uma bem-sucedida campanha de vacinação, apesar da ameaça da cada vez mais presente variante indiana do coronavírus.
Há semanas, porém, Minkova não consegue encontrar “pessoas com experiência de verdade”, como um chef, para se juntar à equipe de seu estabelecimento The Guildford Arms, no sudeste de Londres, disse ela à AFP.
– A partida dos europeus –
Seu caso está longe de ser o único no Reino Unido, como explica a British Beer and Pub Association (BBPA).
“Não é fácil (…) conseguir ter pessoas com as competências necessárias para reabrir completamente”, diz Emma McClarkin, diretora desta associação do setor que representa 20.000 pubs.
Às pessoas que ainda se beneficiam do desemprego técnico e às que se afastaram do setor de restauração e hotelaria em busca de empregos considerados mais estáveis, acrescenta-se a partida, durante a crise sanitária, de muitos cidadãos de países da União Europeia (UE), amplificando um tendência que começou com o Brexit.
Em 2017, antes da saída do Reino Unido da UE, os europeus representavam entre 12,3% e 23,7% da força de trabalho do setor, estimou a consultoria KPMG.
De acordo com o Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS, na sigla em inglês), o setor de hotelaria tem sido um dos mais afetados pela pandemia, com 355 mil empregos perdidos em um ano desde março de 2020, ou seja, 43% do total.
“Os empregadores do setor nos dizem que uma média entre 10% e 20% de seu pessoal em desemprego técnico decide não voltar”, afirma Kathy Dyball, responsável pelo site de contratação especializada Caterer.com.
Ela diz ter visto um forte aumento nos anúncios de contratação, agravando um problema crônico de “décadas” de falta de pessoal no setor.
Os cozinheiros estão entre os profissionais mais procurados, o que eleva os salários.
Entre os empregadores, “há muita competição para obter os melhores candidatos”, diz Carol Cairnes, gerente de Recursos Humanos da D&D Londres, que conta com cerca de 40 restaurantes sofisticados no Reino Unido.