24/09/2018 - 14:43
A alta do dólar ante o real fez as transferências pessoais – aquelas em que uma pessoa física no exterior remete recursos para sua família no Brasil – terem forte alta em agosto. Dados do Banco Central mostram que, no mês passado, US$ 72,1 milhões líquidos entraram no País. O montante equivalente a 13 vezes o que havia sido registrado em agosto de 2017 (US$ 5,4 milhões). Em julho deste ano, as entradas haviam sido de US$ 36,3 milhões.
Estes números refletem os envios de dinheiro ao Brasil já descontadas as remessas feitas por estrangeiros que estão aqui para suas famílias no exterior. Em coletiva de imprensa mais cedo, para apresentar as Estatísticas do Setor Externo, o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, destacou o aumento das remessas para o Brasil. “Este impacto muito pontual tem mais a ver com o câmbio do que com o aumento do número de brasileiros que moram no exterior”, afirmou Rocha.
Na prática, com a moeda americana mais cara, quem remete recursos para o Brasil consegue trocar uma mesma quantidade de dólares por um montante maior de reais. Isso acaba estimulando as remessas de quem trabalha fora para as famílias no Brasil.
Na última quinta-feira, dia 20, o BC editou uma circular para facilitar este tipo de operação. A partir de 1º de novembro, toda a burocracia para o envio de moeda e câmbio (troca de moeda estrangeira por reais) poderá ser feita no exterior, pelo remetente dos recursos, em seu próprio banco. O destinatário receberá o dinheiro em sua conta corrente, em reais, sem a necessidade de fazer operações de câmbio ou arcar com custos adicionais. A novidade valerá para transferências equivalentes a até R$ 10 mil.
Pelas regras antigas, o câmbio era feito no Brasil e havia custos para quem recebia o dinheiro.
De acordo com Rocha, não há estimativas de quanto essas remessas podem aumentar com as novas regras. Ele lembrou, no entanto, que a rubrica de transferências pessoais não tem, tradicionalmente, um peso tão importante para as contas externas brasileiras.
“Existem países, principalmente menores, nos quais o fluxo de pagamentos unilaterais pode ultrapassar até 15% do PIB. No caso do Brasil, não é assim”, afirmou. “O impacto aqui é menor, sentido mais ao nível regional ou em certos municípios.”