10/01/2017 - 19:05
Se é verdade que investir quando a maré esta baixa e sair na alta tem algum respaldo na realidade, talvez seja a hora de arriscar no dólar. Em 2016, a moeda americana tomou um tombo de 18% em relação ao real. Do final de dezembro para cá, até a terça-feira, 10, a queda era superior a 1%. Os motivos são vários: as incertezas com o governo Trump, a possibilidade de maiores altas nos juros americanos e seus reflexos no Brasil e o cenário político e econômico interno.
“Há uma série de fatores que, somados, estão ditando o rumo do câmbio recentemente. É difícil prever um cenário, mas nossa aposta é de que o dólar saia do patamar atual, em torno de R$ 3,22 hoje, para algo pouco acima de R$ 3,50 no final do ano, o que representaria um ganho nominal de 8,7%”, diz Celson Plácido, estrategista-chefe da corretora XP Investimentos.
Nesse horizonte, o conselho clássico de quem quer se proteger do sobe-e-desce do câmbio entre os analistas permanece o mesmo: aplicar em um fundo cambial de bancos e, para quem tem viagem planejada ou dívida em dólar, a quitar aos pouco comprando a moeda enquanto os preços estão atrativos.
Mas há um produto novo no mercado, ainda pouco disseminado, que são de fundos que pagam dólar e mais uma taxa de juros adicional ao investidor. A própria XP, em uma campanha agressiva para atrair clientes, colocou na prateleira um fundo que promete ter adeptos, diz Fausto Filho, gestor de Renda Fixa do Asset Management XP Investimentos. Batizado de “XP Global Credit”, o fundo aplica em papéis de empresas brasileiras, bônus, emitidos no exterior como Petrobras, Vale, Sabesp, Safra, Itau, entre outros.
Por um mecanismo de engenharia financeira, os chamados “swaps”, o rendimento desses papéis, que pagam ao investidor uma taxa de juro prefixada mais a variação cambial, são transferidos ao quotista aqui no Brasil. “A vantagem é que além da variação do câmbio, o investidor tem um ganho a mais, hoje entre 2,5% a 3% ao ano, quando aplica neste tipo de produto”, afirma Fausto Filho.
Fundos cambiais
Para quem deseja permanecer no clássico, os fundos cambiais, é preciso atenção a alguns detalhes. O vice-presidente da MAPFRE Investimentos, Eliseo Viciana, explica que é preciso atenção à taxa de administração oferecida pelo fundo. Quanto menor ela for, mais vantajosa será a operação. Segundo ele, é importante também verificar se as regras de aplicações inicial e adicionais mínimas são adequadas para o planejamento financeiro desejado.
Um dos produtos oferecidos pela Mapfre compõe-se de uma carteira de títulos públicos federais pós-fixados e operações de compra de dólar no mercado futuro. “Dessa maneira, este fundo não terá nenhum outro fator de risco (de crédito, renda variável, risco de taxa de juros) que não seja a variação da moeda americana”, afirma Eliseo Viciana.
As taxas de administração e os investimentos iniciais em fundos cambiais variam muito de banco para banco. No Bradesco, por exemplo, em um fundo cambial clássico a taxa de administração é de 3% ao ano e aplicação inicial é de R$ 1.000,00.