A taxa de recusa para as visitas da Prefeitura acompanhadas pelo  Exército no combate ao mosquito do Aedes aegypti, transmissor dos vírus  da dengue, chikunguya e zika diminui para 3%, segundo o coronel Afonso  Eduardo Lins Barbosa, chefe de Comunicação Social do Comando Militar do  Sudeste (CMSE). “Antes chegava aos 40%. O diferencial dessa ação é que  os militares também vão aplicar os larvicidas”, afirmou.

Os  soldados entraram no combate ao mosquito na capital no dia 18 de  janeiro. Até o momento, 40.816 imóveis foram visitados desde o início da  operação. O comando já tinha informado que tiveram a entrada negada em  mais de 1,2 mil residências da capital paulista.

Nesta  quarta-feira, 17, homens de farda e equipes Secretaria Municipal de  Saúde estiveram em imóveis do bairro de Santana, na zona norte da  capital. Enquanto os agentes da Prefeitura conversam com os moradores e  perguntam sobre a rotina da casa, as Forças Armadas vistoriam jardins,  entregam panfletos e tiram dúvidas.

Um levantamento da  Coordenadoria de Saúde Norte mostra que as equipes estiveram em 40.816  imóveis desde o início do reforço na operação. No entanto, pouco mais da  metade do total foi visitado: 28.326. Segundo o relatório, há lugares  fechados, abandonados e alguns proprietários ainda oferecem resistência  para a força-tarefa.

Mas o que preocupa o médico Alberto  Alves de Oliveira, coordenador regional de Saúde da zona norte, é a  quantidade de recipientes que servem de criadouro para as larvas. Os  dados apontam que foram encontrados mais de 17 mil recipientes, sendo  que em 1.177 deles havia larvas que podem ser de Aedes aegypti e outros  8.259 ofereciam condições, já que armazenava água parada.

“Para  nós, o mais importante nesses casos é fazer um bloqueio”, explicou  Oliveira. “Nesse momento, queremos ver se as pessoas tratam de forma  adequada do ambiente em que eles vivem”, disse o médico. Caso os agentes  e o Exército encontrem residências onde os pacientes tiveram ou estão  com os vírus da dengue ou chikungunya é feita uma varredura em outros  locais em um raio de até 300 metros.

Logística de guerra

“Quando  a larva está na água é com a Marinha. Quando vira mosquito e voa é com a  Aeronáutica.” Apesar da brincadeira de jovens do Exército nas vistoria  para combater os focos de criação do mosquito, os moradores de Santana  abriram as portas para a tropa e os agentes da Coordenação de Vigilância  em Saúde (Covisa) nesta quarta-feira.

Logo no início das  inspeções no período da tarde, moradores agradeciam a presença dos  militares. “Menino, tem gente que não abre o portão, não. Obrigado por  estar aqui e bom trabalho”, disse uma moradora que pegou um dos  panfletos de prevenção distribuídos pelo Exército. Os militares também  se informavam sobre a combate ao mosquito com os agentes da Prefeitura,  que davam dicas de como identificar pontos.

O empresário  Wander Gonzalez, de 50 anos, por exemplo, foi buscar os jovens fardados e  os agentes de saúde pelo braço. Ele reclamou de uma casa abandonada que  divide muro com o sobrado dele. “O dono tirou os telhados para ninguém  invadir e morar dentro, deixando o resto exposto para chuva. Os  passarinhos vêm tomar banho na caixa de água deles.”

A  equipe da Prefeitura subiu o muro, olhou o local da reclamação e  constatou que as duas caixas de água tinham sido furadas propositalmente  para não acumular água parada. A casa de Gonzalez não tinha nenhum  local de criação do Aedes. Ele e a família retiraram todos os  recipientes dos vasos.

Mas na casa da aposentada Cíntia  Screnci, de 58 anos, a visita durou mais tempo. A equipe municipal e um  dos jovens do Exército localizaram caixas de 20 litros usadas para  acumular água da chuva. Não foi difícil encontrar pequenas larvas  boiando.

“Com essa história de economia de água, eu faço  isso para lavar o quintal e regar as plantas. Guardo desde o começo da  crise hídrica”, explicou. A água foi dispensada na calçada. Amostrar  foram coletadas e pequenas larvas prestes a virar mosquito foram  guardadas e mostradas para Cintia. Os agentes não a proibiram de guardar  água da chuva. Ela foi aconselhada a cobrir os locais com telas e usar  água sanitária.