Aos poucos vão sendo conhecidos os nomes da área econômica do governo Lula. Após anunciar Fernando Haddad como ministro da Fazenda na última sexta-feira, 9, agora foram revelados Gabriel Galípolo como secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Bernard Appy será secretário especial para a reforma tributária e Aloizio Mercadante assumirá a presidencia do BNDES.

Com os primeiros nomes definidos, a equipe econômica começa a ganhar corpo e indicar qual será a linha de trabalho do próximo presidente.

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Gabriel Galípolo

Galípolo foi o primeiro nome da equipe da Fazenda confirmado por Haddad. O economista é ligado ao PT e especialista em parcerias público-privadas (PPPs). O economista de 39 anos, promessa de conciliação entre o mercado e a futura gestão, terá o segundo cargo mais importante da pasta. Foi presidente do Banco Fator de 2017 a 2021. É formado em ciências econômicas e fez mestrado em Economia Política pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), onde também já foi professor. O escolhido por Haddad já trabalhou na Secretaria Estadual de Economia e Planejamento de José Serra. Gabriel também faz parte de dois conselhos da Fiesp.

O futuro secretário-executivo do Ministério da Fazenda é crítico do teto de gastos, afirmando que “uma regra fiscal que funciona por excepcionalidades o tempo todo é uma regra que já não existe”. Galípolo tem habilidades úteis para as principais decisões de política econômica do Haddad no terceiro governo Lula. Tem graduação na área, trabalhou no mercado financeiro e tem a confiança de Haddad.

Bernard Appy

Economista formado pela Universidade de São Paulo e tem no currículo experiências no setor público e privado. Considerado o “pai da reforma tributária”, ele é diretor do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF), um think tank independente criado em 2015 para desenvolver estudos e propostas que ajudem a simplificar e aprimorar o sistema tributário brasileiro e o modelo de gestão fiscal do país. Entre os parceiros da iniciativa estão Vale, Braskem, Itaú, Raízen e Huawei.

Ele é o autor de uma das propostas que tramita no Congresso Nacional, a PEC 45, que prevê a substituição de cinco tributos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) por um só, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

A experiência em um governo petista não é nova para Appy. Ele já foi secretário-executivo e secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, de 2003 a 2009, ainda no governo Lula, tendo assumido o ministério interinamente por algumas ocasiões.

Na trajetória privada, o economista foi sócio-diretor da LCA Consultores por duas ocasiões: de 1995 a 2002 e de 2012 a 2014. Além disso, também atuou como diretor de Estratégia e Planejamento da BM&FBovespa, entre 2009 e 2011, e presidiu o Conselho de Administração do Banco do Brasil e o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).

Aloizio Mercadante

Mestre e doutor em economia, iniciou a militância política em movimentos estudantis. Depois presidiu instituições de representação de professores. Desde a década de 1980 atua no Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1985 ajudou a fundar a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Mercadante foi deputado federal por dois mandatos. Em 2003, foi eleito senador por São Paulo, com a maior votação da história até então. No governo federal, foi ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação. Também chefiou a pasta da Educação por duas vezes; além de exercer o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, no segundo governo da presidente Dilma Rousseff (PT).

Nas últimas eleições, foi um dos coordenadores da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva. Após as eleições, assumiu papel de coordenar os grupos-técnicos responsáveis pelo levantamento de informações sobre a gestão atual.

Na campanha de Lula ao Palácio do Planalto, Mercadante foi responsável por elaborar o plano de governo petista. Já na transição, o ex-ministro coordenou os mais de 30 grupos técnicos de trabalho. Após anunciar Mercadante no BNDES, Lula disse que o país está aberto aos investidores, mas não vai vender as empresas estatais.

Mudança na Lei das Estatais

A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (13) o texto-base de um projeto de lei que modifica a Lei das Estatais e flexibiliza restrições que, hoje, dificultam a nomeação de políticos para presidência e diretorias de empresas públicas.

A mudança abre caminho para que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), indique aliados para postos-chave nas estatais – como o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT), anunciado nesta terça por Lula para presidir o BNDES. A alteração na Lei das Estatais ainda terá de ser aprovada pelo Senado e enviada à sanção presidencial.

Ao longo do dia, políticos sinalizaram que a indicação poderia ser barrada pela legislação atual. A lei proíbe que dirigentes de campanhas eleitorais assumam altos cargos nas estatais nos 36 meses seguintes.

Ministério da Economia no Lula 3

O antigo Ministério da Fazenda será recriado pelo novo governo Lula. A pasta será responsável pela formulação e execução da política econômica.

O ministério a ser comandado por Haddad cuidará, nos próximos anos, de temas como:

– A reforma tributária,
– A mudança nas regras fiscais (discussão sobre o teto de gastos),
– O ajuste nas contas públicas, entre outros.

No governo Bolsonaro, a pasta estava incorporada ao Ministério da Economia, sob o comando de Paulo Guedes, que englobava também os Ministérios do Planejamento, Desenvolvimento, Trabalho e Previdência. Nos últimos anos, porém, as pastas do Trabalho e da Previdência foram separadas.