O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), conhecido como prévia da inflação, ficou em 0,36% em março. O resultado foi, em grande parte, influenciado pelo grupo de Alimentação e Bebidas, com alta de 0,91% e impacto de 0,19 ponto percentual na taxa do mês.

O resultado veio acima do esperado. Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 0,32% para o período.

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A taxa, no entanto, desacelerou frente a fevereiro, quando ficou em 0,78%. A alta de 0,36% registrada em março foi a mais branda para o mês desde 2020, quando o indicador subiu 0,02%. Em março de 2023, o IPCA-15 foi de 0,69%.

Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 4,14%, abaixo dos 4,49% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

O que mais pesou no mês

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco registraram alta em março. Além do grupo Alimentação e bebidas, também houve aumento significativo nos preços de Transportes (0,43%) e Saúde e cuidados pessoais (0,61%). As demais variações ficaram entre o -0,58% de Artigos de residência e o 0,19% de Habitação.

Nos alimentos, as maiores altas foram da cebola (16,64%), do ovo de galinha (6,24%), das frutas (5,81%) e do leite longa vida (3,66%). Outros itens apresentaram queda, como a batata-inglesa (-9,87%), a cenoura (-6,10%) e o óleo de soja (-3,19%).

Em relação aos combustíveis (2,41%), houve alta nos preços do etanol (4,27%) e da gasolina (2,39%), enquanto o gás veicular (-2,07%) e o óleo diesel (-0,15%) registraram queda.

Em Saúde e cuidados pessoais (0,61%), o resultado foi influenciado pelo plano de saúde (0,77%), pelos produtos farmacêuticos (0,73%) e pelos itens de higiene pessoal (0,39%).

Destaques do IPCA-15 de março

 

Mercado espera inflação de 3,75% no ano

O centro da meta oficial para a inflação em 2024, 2025 e 2026 é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

A inflação vem sendo amplamente considerada sob controle no Brasil, com o Banco Central dando continuidade ao ciclo de afrouxamento monetário, ainda que venha ressaltando a necessidade de atenção ao aumento dos preços de serviços em meio a um mercado de trabalho aquecido.

Na semana passada, o BC decidiu por nova redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 10,75% ao ano, e encurtou sua indicação sobre cortes futuros ao citar uma ampliação de incertezas, afirmando que sua diretoria antevê corte na mesma intensidade apenas na próxima reunião, em maio.

Na ata desse encontro divulgada nesta terça, a autoridade monetária apontou maior preocupação com uma possível pressão de salários sobre os preços no Brasil, também citando maior incerteza sobre a dinâmica de queda da inflação doméstica e sobre fatores do ambiente externo.

Economistas consultados pelo Banco Central reduziram nesta terça-feira suas projeções para a inflação ao final deste ano e do próximo. A pesquisa semanal Focus, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostra agora expectativa de que o IPCA suba 3,75% neste ano, contra projeção anterior de inflação de 3,79%. Para 2025, a conta caiu a 3,51%, ante inflação de 3,52% estimada antes.