No dia 5 junho, a gigante dos processadores para Inteligência Artificial, Nvidia, atingiu mais um marco histórico ao superar os US$ 3 trilhões em valor de mercado. Para se ter uma ideia da grandeza, o Produto Interno Bruto brasileiro em 2023 totalizou US$ 2,13 trilhões. Outro indicador de grandeza foi sua ascensão meteórica nos últimos meses. Fundada em 1993, na Califórnia, a companhia demorou quase 30 anos para atingir seu primeiro trilhão de dólares em valor de mercado, em 2023. Depois disso, dobrou de valor em apenas nove meses, em março de 2024. Apenas 66 pregões depois, a companhia atingiu seu terceiro trilhão, ficando atrás (por enquanto) somente da Microsoft, avaliada em US$ 3,15 trilhões na bolsa americana.

Diante dessa disparada, a DINHEIRO conversou com diversos analistas de mercado para tentar compreender os limites da companhia, impulsionada pela alta demanda por seus chips de IA, e que já acumula 162% de valorização em 2024, após crescer 307% em 2023.

• Matheus Popst, sócio da Arbor Capital, afirmou que o mercado aposta alto na Nvidia devido à sua posição dominante no mercado de chips para Inteligência Artificial, especialmente no contexto do momento ChatGPT, em que a sociedade percebeu o potencial das Modelos de Linguagem de Grande Escala, processando grandes volumes de dados. “O sucesso do ChatGPT e de outros modelos de linguagem de larga escala impulsionou a demanda por chips de alto desempenho, essenciais para o treinamento e execução desses modelos, sendo a Nvidia sua principal fornecedora, ela se beneficia diretamente desse boom”, discorreu. Para Popst, a crença na Nvidia está atrelada à expectativa do uso dos modelos de IA, cada vez maiores e mais complexos.

75%
de aumento na receita da companhia no 1º trimestre de 2024, somando US$ 12 bilhões

85%
foi o crescimento no segmento de datacenters, essencial para computação IA

76%
deve ser a margem bruta da empresa no ano fiscal, segundo analistas

Sobre os últimos lançamentos da Nvidia, o economista e CEO da Amero Consulting, Igor Lucena, afirmou que os novos produtos são capazes de diminuir o custo de renderização em mais de 25%. Além do novo sistema de IA autogenerativa, que se chama de Curring Edge Breakthrough, ou seja, ela produz chips e sistemas que estão na crista da onda. “Os chips da empresa vão continuar sendo utilizados em produtos e serviços de seus clientes no mundo inteiro. Isso explica porque é que eles estão à frente dos concorrentes e porque estão crescendo rápido, a resposta é que eles fazem o que mais ninguém faz”, completou.

CAIR?

Não! segundo relatório do Bank of America (BofA), a previsão é que a empresa continue subindo nas cotações. Há duas semanas o banco americano reiterou a recomendação de compra da ação e elevou seu preço-alvo (até então na casa dos US$ 1,2 mil) para US$ 1,5 mil, ou seja, dando um potencial de valorização de mais 25%, prevendo que a Nvidia possa chegar a quase US$ 4 trilhões em market cap. Segundo os analistas do BofA, a projeção é justificada pela forte demanda de seus novos produtos, especialmente a nova unidade de processamento gráfico (GPU) Blackwell, além do upgrade no Grace CPU e no Spectrum-X Ethernet, todos em crescente demanda.

Para facilitar o acesso do investidor às ações da companhia, no dia 10 de junho a Nvidia realizou o desdobramento de suas ações na proporção de dez para um. Ou seja, quem tinha uma ação da companhia, avaliada em US$ 1,2 mil, passou a deter dez ações de US$ 120.

O analista Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria, famoso no mercado por colocar as grandezas em perspectiva, destacou que a Nvidia, somente em 2024, movimentou por dia o equivalente à soma do valor de mercado de Ambev, Cemig e Pettenati Têxtil. “O volume financeiro diário de negociações das ações do grupo, até 7 de junho, é de impressionantes US$ 40,4 bilhões, ou seja, ela movimenta diariamente o mesmo montante que o valor combinado dessas três empresas brasileiras neste ano.”

Além do sucesso, a Nvidia olha concorrência de empresas como AMD e Intel pelo retrovisor, apesar de também acelerarem seus lançamentos para competir no mercado de IA. No entanto, os analistas veem a Nvidia mantendo uma vantagem significativa nesta competição, dada sua liderança tecnológica, conduzida pelo CEO, Jensen Huang, que promete inovações constantes em seus processadores para manter a liderança desse mercado ainda incipiente.