Cinco meses depois entrar com um pedido de recuperação judicial e de ser adquirida por um novo dono, a rede de supermercados Dia vive um novo momento. Com uma operação mais enxuta, menos lojas e com foco no estado de São Paulo, o Dia investiu R$ 20 milhões e agora conta com 241 lojas reinauguradas com um novo layout.

Adquirida pelo Fundo de Investimento MAM, gerido pelo Banco Master, a companhia fechou dois centros de distribuição e agora conta com um só, na cidade de Osasco.  Com isso a rede, que chegou a ter 587 lojas, fechou mais de 300 e agora o crescimento será focado no Estado de São Paulo e em cidades grandes e médias.

Em entrevista exclusiva ao site IstoÉ Dinheiro, o novo CEO da companhia, Fabio Farina, contou que a companhia vai voltar às origens , reforçando a presença no que ele chamou de “varejo de proximidade” e não teme a concorrência de redes como a Oxxo.

“Eles são uma rede de conveniência, então o único ponto que os nossos negócios vão se tocar é no ramo de consumo imediato, que é menos de 10% do nosso mercado. Vamos trabalhar com 2.500 produtos enquanto uma conveniência, em média, trabalha com 400. Fora que a gente vai sempre vai conseguir ser melhor no quesito preço”, afirmou.

O CEO também afirmou que os espanhóis proprietários da marca não têm mais relação com a operação do Brasil além da venda da licença pelo uso do nome. O executivo confirma que os novos donos são o fundo MAM, mas não abriu mais detalhes.

Padaria em todas as unidades

O varejo alimentício vem passando por uma grande transformação nos últimos anos. Com o fechamento de hipermercados de redes tradicionais e a abertura dos chamados atacarejos, o mercado se divide em grandes lojas e mercados menores, com foco na proximidade com o cliente.

Farina afirmou que o Dia vai voltar às suas origens de ser o mercado com foco em proximidade e sem abrir mão do preço e que a nova operação quer garantir produtos perecíveis, como frutas, verduras e legumes, repostos todos os dias e padaria própria em todas as lojas, um diferencial na comparação com outras redes, além de contar com padarias próprias em todas as unidades.

“O Dia acabou saindo um pouco do foco quando resolveu investir em lojas muito grandes, unidades com açougue e outras sem, por exemplo. Vamos voltar ao foco da proximidade e com preço competitivo. Claro que não vamos conseguir competir com os atacadistas no preço, mas vamos focar em frutas, legumes e verduras com reposição diária nas lojas e padarias em todas as unidades”, contou.

A rede lançou na semana passada uma nova campanha com a atriz Fabiana Karla, que posiciona a marca como um “atacadinho de bairro”. Hoje a companhia conta com cerca de 2 mil funcionários.

Marcas próprias e reforma de lojas

Outra marca da rede é a linha própria, que conta com mais de 1000 produtos. Além da qualidade, a marca investe em uma identidade para cada um deles, fazendo com que os nomes dos produtos virasse meme nas redes sociais com trocadilhos engraçados para os produtos, como o cereal “Rock na Aveia”, o pão de queijo “Recheadoro” e a maionese “My Oh! Nese”.

“Uma das diferenças da gente pras outras redes é que a marca própria das outras redes são produtos de baixa qualidade, e a nossa linha é de produtos premium”, explicou.

Com a parte interna das lojas muito criticadas por diversos clientes, principalmente na reta final da operação do antigo proprietário, o banho de lojas nas unidades foi o primeiro passo da nova gestão. Farina reforçou que em 23 anos de operação da rede no país, algumas lojas não haviam sido reformadas nenhuma vez. Ele relembra que a primeira loja da rede, no Jardim Japão, zona norte de São Paulo, já estava sem o letreiro do Dia. Ainda restam três lojas para serem reabertas.

A companhia organizou uma série de reinaugurações das lojas que aconteceram do começo de setembro até o começo de outubro e os clientes foram convidados para cortar a fita de inauguração.