O presidente Michel Temer recebeu um aval importante na semana passada. O setor produtivo, através de mais de 200 representantes, rumou para Brasília e, numa demonstração pública de endosso ao governo, apontou que “tem total confiança no Brasil” em curso. A frase saiu do discurso do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, mas foi replicada em várias declarações dos convivas presentes. Temer recebeu crédito para tocar adiante as reformas. Apoio para uma tesourada administrativa que deve extinguir ao menos quatro mil cargos. E entusiasmado incentivo à ideia de um teto para os gastos oficiais a partir do ano que vem. O que o PIB não quer ouvir nem falar, ao menos por enquanto, é de aumento de impostos. Empresários e executivos alegam que qualquer sacrifício a mais no momento em suas respectivas áreas inviabiliza a retomada. Temer sabe que é a vez da União entregar de maneira vigorosa sua parcela de esforço. Anunciou que criará uma “secretaria de estatais” vinculada à pasta do Planejamento para acompanhar passo a passo a economia de despesas nas companhias públicas. É o primeiro de uma série de movimentos do presidente na direção de enxugamento da máquina. Não está descartada, sequer, a extinção de outros ministérios após o impeachment de Dilma ser confirmado no Congresso. Essas demonstrações de disciplina orçamentária por parte do novo chefe do executivo soam como música para empreendedores e investidores ciosos de uma estrutura federal menos dispendiosa. Também animou o mercado a sinalização, por parte do Banco Central, do fim da era da alquimia cambial, com intervenções artificiais sobre o dólar. A cotação da moeda americana caiu rumo a um patamar mais realista, enquanto as exportações brasileiras seguem – mesmo assim – vivendo uma temporada de bons resultados, amenizando os efeitos recessivos sobre o País. No primeiro trimestre de 2016, as exportações cresceram quase 15% em relação ao mesmo período do ano passado. Indústria e comércio apostam em desempenho ainda mais alvissareiro, especialmente com a abertura de mais mercados que vêm sendo buscados pela equipe do Itamaraty. De uma forma geral, como pregou Temer, o Brasil deve seguir em frente despojado de ideologias partidárias. Sem tais amarras, que limitavam os horizontes nacionais a parceiros do bloco, o potencial comercial do parque interno tende a explodir. É o que sonha o empresariado e o que assegurou Michel Temer. Por isso, ele vem angariando tantos votos de confiança no PIB.

(Nota publicada na Edição 971 da Revista Dinheiro)