23/01/2022 - 16:07
A variante ômicron do coronavírus, que poderia infectar 60% dos europeus antes de março, pode ser o fim da pandemia na região, considerou neste domingo (23) o diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge.
“É plausível que a região esteja se aproximando do fim da pandemia”, disse Kluge, diretor regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa, à AFP, embora tenha pedido cautela, dada a versatilidade do vírus.
“Assim que a onda ômicron se acalmar, haverá imunidade global por algumas semanas e meses, seja graças à vacina ou porque as pessoas terão sido imunizadas pela infecção, e também uma queda devido à sazonalidade”, considerou.
A OMS espera “um período de calma antes do possível retorno da covid-19 no final do ano, mas não necessariamente o retorno da pandemia”.
Na África do Sul, onde a variante ômicron foi detectada pela primeira vez, novos casos caíram nas últimas quatro semanas.
Na mesma linha, o assessor da Casa Branca para o combate à pandemia nos Estados Unidos, Anthony Fauci, declarou neste domingo que pode haver uma “virada” na situação no país.
– Não há “era endêmica” –
No entanto, a Europa não está numa “era endêmica”, o que permitiria comparar o vírus com o de uma gripe sazonal, sublinhou o responsável da OMS.
“Endêmico significa […] que podemos prever o que vai acontecer; esse vírus surpreendeu mais de uma vez, então temos que ter cuidado”, insistiu Kluge.
A variante delta continua circulando e outras cepas podem surgir.
“Seremos muito mais resistentes, mesmo diante de novas variantes”, afirmou Thierry Breton, comissário europeu para o Mercado Interno, à rede francesa LCI neste domingo.
“Estaremos prontos para adaptar as vacinas, se necessário, particularmente aquelas que usam RNA mensageiro, para adaptá-las para lidar com uma variante virulenta”, completou.
Na região europeia da OMS, que inclui 53 países, alguns dos quais na Ásia Central, a organização estima que 60% da população pode ter sido infectada por ômicron entre agora e 1º de março.
Nos 27 Estados-membros da UE, bem como na Islândia, Liechtenstein e Noruega, esta variante, que surgiu no final de novembro e é mais contagiosa que a delta, porém menos virulenta, sobretudo entre os vacinados, é agora a dominante, segundo a agência europeia de saúde.
Com um aumento exponencial de infecções, o diretor do escritório europeu da OMS insistiu na necessidade de mudar as políticas públicas para “minimizar as perturbações e (…) proteger as pessoas vulneráveis”.
O objetivo agora, segundo Kluge, é estabilizar a situação sanitária.
“Estabilizar significa que o sistema de saúde não estará mais sobrecarregado pela covid-19 e poderá continuar a prestar serviços essenciais de saúde, que infelizmente foram muito perturbados, como o câncer, as doenças cardiovasculares e a imunização”, sublinhou.