21/06/2019 - 18:46
O coordenador-geral da Defesa Civil da cidade de São Paulo, o coronel Rogério Vieira Peixoto, esteve na ponte do Jaguaré nesta sexta-feira, 21, e informou que uma comissão de engenheiros da prefeitura avalia a estrutura da ponte, que está interditada. Um incêndio atingiu nesta manhã a parte debaixo da ponte, na Marginal do Pinheiros, no sentido de Interlagos.
“Em um primeiro momento, a Defesa Civil interdita por cautela, não é uma interdição definitiva, e essa interdição tem de aguardar uma comissão de engenheiros da Prefeitura da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras que, neste momento, está fazendo um estudo comparativo com análises rotineiras (feitas) durante o ano para verificar se será necessário fazer a interdição definitiva ou parcial”, afirmou Peixoto.
Ele disse que não é possível precisar quando o resultado dessa análise será divulgado. “O mais rápido possível tem de sair essa decisão até para poder liberar, se for o caso, o viaduto.”
De acordo com a Defesa Civil, cerca de 50 famílias (150 pessoas) que moravam em barracos de madeira, foram atingidas.
Elas estavam reunidas no entorno e equipes da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads) fizeram o cadastro das pessoas afetadas pelo incêndio. Há muitas crianças, idosos e gestantes entre os desabrigados.
O coronel informou ainda que os moradores não vão poder voltar para o local.
Nesta manhã, a Corpo de Bombeiros fez o rescaldo e apagou pequenos focos de chamas na região. Por volta das 8 horas, a corporação informou que o fogo estava controlado. Nas imagens era possível observar madeiras e até veículos antigos queimados.
O capitão do Corpo de Bombeiros, Marcos Nogueira, informou que 29 viaturas com 75 bombeiros atuaram no incêndio.
“Não há informes de vítimas. Quando chegamos, havia pessoas tentando tirar pertences, mas não tinha ninguém no ponto principal do incêndio”, disse Nogueira.
A agricultora Micaele Apolinário, de 25 anos, estava dormindo quando ouviu os gritos dos vizinhos. Ela, que morava no local com o filho de 5 anos e o marido, caiu durante a fuga e machucou as pernas.
“Estava com o meu menino no colo e caí. Eu me levantei sozinha e continuei correndo. Meu filho não se machucou.”
Ela conseguiu salvar apenas alguns documentos. “Só consegui pegar os meus e os do meu marido. Os documentos do meu filho ficaram lá.”
Em comunicado no Twitter, a Prefeitura de São Paulo informa que, além de acolhimento na rede socioassistencial, serão ofertados colchões, cobertores, cestas básicas e kits de higiene.
Não há informações de vítimas e as causas do acidente serão apuradas. A ponte do Jaguaré fica localizada perto da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), na zona oeste da cidade.
Com a filha de 3 meses no colo, o borracheiro Maurício Feli Cavalcante, de 41 anos, foi avisado pelo primo quando as chamas começaram a se alastrar. A mulher dele, a dona de casa Diana Cristina de Souza, de 30 anos, saiu com ele, mas voltou para buscar pertences do bebê e documentos.
“Peguei a bolsa da minha filha, mas perdemos tudo. Só sinto por não ter conseguido trazer as fraldas dela. Tinha uns dez pacotes em casa.”
O motoboy Alexandre Pacheco, de 46 anos, acordou com a sensação de calor nos pés e se deparou com o fogo. “O teto estava queimando. Parecia que eu estava embaixo do sol. O calor estava insuportável dentro do barraco.”
O chamado foi registrado às 6 horas da manhã. Além do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e a Polícia Militar (PM) também auxiliaram na ocorrência. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e a concessionária de energia Enel foram acionadas.
O motorista que passa pela região ainda precisa manter a cautela. A CET informou que há os seguintes bloqueios na região:
Ponte do Jaguaré interditada nos dois sentidos.
Na Marginal do Pinheiros, a 500 metros da ponte do Jaguaré, há um bloqueio na pista local e o trânsito está sendo direcionado para a pista expressa.
Outra sinalização de interdição foi colocada entre a Avenida Queiroz Filho e a Praça Apecatu. A opção é utilizar a ponte Cidade Universitária.
O último ponto é entre a Avenida Jaguaré e a Praça César Washington Alves de Proença. Os motoristas devem utilizar a Avenida Escola Politécnica.
A CET reforçou o efetivo na região para orientar o trânsito e está utilizando 12 painéis de mensagens variáveis móveis ao longo da Marginal do Pinheiros para informar sobre a interdição nos dois sentidos da ponte do Jaguaré.
Segundo a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) a circulação de trens não foi prejudicada. A linha 9-Esmeralda funciona normalmente entre Osasco e Grajaú.
Linhas de ônibus alteradas
A SPTrans informa que 12 linhas de ônibus foram desviadas de seus itinerários em virtude da interdição do Viaduto Jaguaré.
Relação de linhas alteradas e itinerário alternativo:
7282/10 Parque Continental – Praça Ramos de Azevedo
748A/10 Jd. Peri Peri – Lapa
748A/41 Jd. D’Abril – Lapa
748R/10 Jd. João XXIII – Metrô Barra Funda
775N/10 Rio Pequeno – Metrô Vila Madalena
8038/10 Parque Continental- Lapa
809H/10 Jardim Boa Vista – Lapa
809N/10 Vila Dalva – Lapa
809T/10 COHAB Raposo Tavares- Lapa
8319/10 Parque Continental – Sesc Pompeia
847J/10 City Jaraguá- Jaguaré
874C/10 Parque Continental – Metrô Trianon Masp
Sentido centro:
Praça César Washington Alves de Proença, Av. Escola Politécnica, Av Eng Billings (Marg Pinheiros), Ponte Cidade Universitária, Av prof Manuel José Chaves, Praça Panamericana, Av Professor Fonseca Rodrigues, Praça Apecatu, Av. Queiroz Filho.
Sentido bairro:
Normal até Av. Queiroz filho, Praça Apecatu, Av Professor Fonseca Rodrigues, Praça Panamericana, Av. Professor Manuel José Chaves, Ponte Cidade Universitária, Rua Alvarenga, Av Afrânio Peixoto, Av Prof. Nelo Moraes, Av Escola Politécnica, Av Kenkiti Simomoto, Av Jaguaré
Problemas estruturais em pontes
Em novembro do ano passado, um viaduto cedeu e causou a interdição do trânsito em trecho da pista expressa da Marginal do Pinheiros, perto do Parque Villa-Lobos e da Ponte do Jaguaré. Pelo menos cinco carros passavam pela via, mas não houve feridos graves.
Em seguida, a Prefeitura avaliou outras pontes e constatou a necessidade de manutenção.
Ainda em novembro, a CET interditou parcialmente a ponte do Limão, no sentido bairro, e as alças de acesso da Marginal do Tietê, na zona norte paulistana, para realizar manutenção. O bloqueio foi mantido por quase um mês.
Em fevereiro deste ano, mais uma estrutura viária da capital paulista teve interdição, desta vez parcial, determinada pela prefeitura após constatação de falta de segurança. A ponte da Freguesia do Ó, que passa sobre a Marginal do Tietê, na zona norte de São Paulo, ficou bloqueada para a realização de obras.
Na última segunda-feira, 17, o viaduto da Marginal Tietê que dá acesso à Rodovia Presidente Dutra foi reaberto pelo prefeito Bruno Covas. A via estava interditada desde o dia 23 de janeiro, quando foi constatado o rompimento de uma viga.