Com a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em baixa, o governo anunciou ontem a ampliação do acesso ao crédito consignado para os trabalhadores do setor privado. A medida foi discutida à tarde em reunião no Palácio do Planalto entre Lula, ministros e dirigentes de bancos.

A iniciativa é adotada na mesma semana em que pesquisa mostrou queda na aprovação do presidente, que pela primeira vez tem um índice de rejeição maior do que o de aprovação.

O levantamento, feito pela Genial/Quaest, mostrou que a economia se tornou um problema para Lula em razão da alta do preço dos alimentos e da crise do Pix, depois que uma onda de notícias falsas sobre a taxação de operações obrigou o governo a recuar de medida que aumentava a fiscalização das transações.

Para o consignado, a ideia é que os bancos possam ter acesso direto aos dados das folhas de pagamento do setor privado, sem passar pelos empregadores, eliminando custos, simplificando o processo e ampliando o uso do FGTS como garantia. As instituições, por sua vez, poderiam apresentar propostas de crédito, permitindo a trabalhadores comparar as taxas oferecidas.

O empréstimo consignado tende a ser mais barato por ter as parcelas de pagamento descontadas diretamente na folha de salário do trabalhador, o que reduz os riscos de calote para os bancos. A expectativa do governo é de que a proposta esteja disponível ainda este ano.

Segundo Isaac Sidney, presidente da Febraban, federação que representa os bancos, os empréstimos para funcionários de empresas privadas podem alcançar de R$ 120 bilhões a R$ 130 bilhões, três vezes mais do que o valor ofertado hoje, cerca de R$ 40 bilhões. “Temos uma perspectiva positiva de que esse crédito para o trabalhador privado vai ser mais barato”, disse.

De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com a medida pelo menos 40 milhões de trabalhadores do setor privado poderão ter acesso ao consignado.

Plataforma

Haddad afirmou que o governo deve criar uma nova plataforma digital para que os bancos possam fazer suas ofertas de crédito.

Segundo o ministro, os bancos terão acesso aos dados dos funcionários das empresas por meio do eSocial, uma plataforma que já existe e centraliza informações como vínculos, contribuições previdenciárias, folha de pagamento, comunicações de acidente de trabalho, aviso prévio e informações sobre o FGTS.

“O crédito pessoal hoje, como o banco está sem garantia nenhuma, ele às vezes coloca uma taxa de difícil cumprimento pelo tomador”, afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.