08/01/2020 - 10:00
Santander e Bradesco, os dois grandes bancos que já divulgaram os resultados financeiros do segundo trimestre até agora, dispararam um alerta sobre inadimplência. Juntas, as duas instituições reservaram R$ 7 bilhões para provisões, dinheiro separado para cobrir prováveis calotes entre os devedores. O banco espanhol, que abriu no Brasil a temporada de balanços na última quarta-feira, separou R$ 3,2 bilhões para cobrir empréstimos duvidosos, um movimento que não tinha feito no trimestre anterior. No Bradesco, o valor para provisões foi de R$ 3,8 bilhões.
Os analistas dizem que mesmo com níveis aparentemente controlados de inadimplência, os bancos adotam uma posição conservadora e de defesa contra possíveis impactos de um cenário econômico adverso, principalmente para pequenas e médias empresas.
Carolina Casseb, analista da Guide Investimentos, diz que ainda é cedo para dizer se o reforço com as provisões foi realmente adequado. Para ela, será preciso esperar os resultados do terceiro trimestre para uma visão mais clara sobre o cenário. “Caso a taxa de inadimplência se mantenha em patamares similares, as perspectivas para os grandes bancos passam a ser mais positivas, sinalizando a possibilidade de uma revisão das provisões feitas nesses últimos trimestres”, comenta.
Nesta sexta-feira, 31, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) informou que a inadimplência atingiu 67,4% das famílias brasileiras em junho, número recorde. E em relatório, a Moody’s considerou que os cinco maiores bancos brasileiros estão expostos ao risco, dado o porcentual de suas carteiras que é de créditos sem garantias, suportados apenas pelo perfil de crédito dos tomadores. Para a agência de classificação de riscos, novas provisões contra devedores serão necessárias nos balanços do terceiro e quarto trimestres.
“Com a pandemia e o isolamento das pessoas, muitas empresas sucumbiram e o desemprego continua aumentando. A crise ainda vai se agravar e este é o motivo dos bancos estarem lançando provisões bilionárias e esperando uma piora de inadimplência em suas carteiras de crédito com a ampliação do PDD, como o Bradesco fez, diz Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.
Ao comentar os resultados do banco durante uma live, o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, disse que neste momento em que não se sabe a dimensão e a extensão da pandemia, foram feitas mais provisões para que o banco estivesse muito bem ajustado para eventual inadimplência que possa crescer ao longo do ano. Ele disse que as provisões podem voltar a acontecer em razão dos efeitos da pandemia, mas será de montante menor do que o destacado nos dois últimos trimestres.